domingo, 1 de novembro de 2015

01/11/2015 - Campos do Quiriri

Há alguns meses eu e mais alguns amigos bikers recebemos o convite do Cassiba para fazer um pedal até Campos do Quiriri, precisamente no alto da famosa fazenda Schneider. A organização ficou por conta do seu amigo Rodrigo Cemin com o apoio da Power Bikes. No convite havia três opções de transporte e preços: van, van + caminhão ou ir pedalando. Na verdade eu já havia feito a rota para esse pedal, mas nunca tive coragem de ir pedalando, mas se o Cassiba disse que ia pedalando então eu também vou. Eram 34 inscritos, dentre esses, 6 iriam pedalando: eu, Cassiba, Maneca, Fabiano, Flavio e Jean. Na noite anterior o Cassiba deu o seu tradicional "aborta" dizendo que não tinha preparo para tanto e optou ir de van. Vou dizer o quê? Na data marcada acordei ás 3:15 hs para dar início á uma aventura inesquecível. O dia estava chuvoso e frio. Combinamos de nos encontrar ás 4:20 hs na Expoville, com saída prevista para 4:30 hs.


O Jean estava atrasado e começamos a entrar em contato mas sem retorno. Ás 4:40 hs decidimos sair com a esperança de ele nos encontrar no caminho. Antes do distrito industrial o pneu do Fabiano furou e tivemos que fazer a troca de câmara.


O Maneca estava desconfiado que seu pneu também estava furado e tentou fingir dando uma calibrada.


Mas não adiantou, em Pirabeiraba tivemos que fazer mais uma parada para trocar mais uma câmara.


Seguimos em direção á serra na companhia de muita chuva e serração. Fizemos uma parada na ponte para reagrupar.




Subimos em um ritmo bom, mas confortável, nada de se matar nessas horas. Fizemos mais uma parada no mirante da serra para reagrupar, comer uma barrinha e encher as garrafinhas de água.



Continuamos a subida e o dia começou a clarear. A chuva continuava e agora também a presença de um vento forte. Chegamos na entrada da estrada de Laranjeiras e encontramos o pessoal se preparando para a aventura. Acho que ninguém tinha ideia do que nos aguardava.



Antes da saída o Cagãossiba teve que dar uma aliviada. Claro, não existe passeio sem o Cassiba ir se esconder no meio do mato.


Depois de tudo resolvido demos início a segunda parte do nosso pedal.



De novo?


Começaram a aparecer muitos morros, não dava tempo de subir um, já vinha uma descida e tinha que subir tudo de novo. Paramos em uma igreja para reagrupar e fazer a primeira parada com direito á esfirra e frutas.




Seguimos o passeio um pouco a frente do grupo maior e sempre seguindo as placas conforme orientação.




Chegamos no alto de uma colina onde o vento soprava mais forte. Eu e o Maneca continuamos em um ritmo mais moderado enquanto os outros foram mais á frente.








Quase 40 km de estrada de chão e a gente só subia e descia morro e nada de chegar nessa fazenda.



Chegamos em mais um trevo e o pessoal estava abrigado na varanda de um barzinho que estava fechado. Ficamos esperando o pessoal e comemos mais algumas frutas. O Fabiano colocou seu saco de lixo de emergência e resolveu dar meia volta. Já era quase 13:00 hs e ainda faltavam uns 10 km para o objetivo.


Logo o pessoal chegou para agrupar e alguns já estavam no carro de apoio. Sinceramente achei que haveriam mais desistências, pois o percurso é difícil para quem não está acostumado. Mas me surpreendi com alguns bikers, inclusive meninas, que sempre estavam no grupo da frente.



Nesse momento apareceu o Luiz Fernando que estava passeando de carro pela região mas com a bike junto. Então ele estacionou o carro e resolveu pedalar esses últimos quilômetros com a gente.






Chegamos no pé do morro e agora vai começar a baixaria. De cara já dá para perceber que é bem íngreme e com essa chuva toda não vai ser nada fácil.



Começamos a subida pedalando mas não demorou muito para empurrarmos as bikes. Tinha uma lama nojenta que grudava no pneu e fazia trancar tudo.




A cada metro que a gente subia o vento ficava mais forte e a visibilidade cada vez menor.




Eu e o Luiz empurramos as bikes até onde foi possível. Parecia que ainda faltava superar um último morro, mas o vento era tão forte que resolvemos ficar por ali mesmo. Achamos que não valeria tanto esforço. Abaixo um vídeo do ponto máximo que chegamos:


Começamos a descer e logo encontramos um pessoal subindo sem as bikes. Passamos a situação e todos concordaram em voltar e deixar essa visita á Fazenda Schneider para uma próxima oportunidade.


A descida foi bem loka e escorregadia. Lá em baixo o pessoal já fez um acampamento na beira do rio com direito á pão e linguicinha.



Joguei a bike dentro do rio para tirar o excesso de barro e comi um pão com linguiça. Enchi as garrafas de água e comecei a me despedir do pessoal. Já passava das 16:00 hs. O Luiz nos acompanhou até onde estava seu carro, nos ofereceu carona até a rodovia mas a gente estava muito imundo. Agradecemos e seguimos nosso rumo pedalando.


Conseguimos chegar na igreja para o nosso lanche antes do anoitecer. Na verdade nossa intenção era já estar na rodovia, mas nem sempre as coisas acontecem como planejado.


Ainda na estrada de chão, o pessoal passou por nós com o caminhão e a van para buscar os ciclistas lá no acampamento, pois ninguém previa um pedal tão puxado e demorado. Chegamos na rodovia e imprimimos um ritmo frenético. A chuva só aumentava e nesse trecho do alto da serra não tem acostamento. Nesse momento além da força física o ciclista precisa estar preparado psicologicamente. A vontade de desistir, ligar para alguém ou mesmo chamar um táxi começa a martelar a cabeça a todo instante. Continuamos pedalando forte, de cabeça baixa, percebemos que o Flavio começou a ficar para trás e esperamos. Ele estava passando mal, não conseguia equilibrar a bike e não falava direito. Para ajudar o farol dele apagou. Então começamos a descida da serra com o Maneca na frente, o Flávio e eu. Por pouco o Flavio não caiu em uma das curvas. Chegamos no posto de gasolina na entrada do Quiriri onde ele conseguiu falar com a família para fazer o resgate. Eu e o Maneca continuamos num ritmo mais forte como nunca, a vontade de chegar em casa era grande. Na BR-101, próximo ao posto Bavária, o pessoal passou por nós buzinando e fazendo festa, já eram 23:00 hs. Na entrada do Vila Nova me despedi do Maneca e os meus últimos 5 km pareciam que foram 50 km.


Cheguei em casa exausto e a esposa com cara de poucos amigos. Colocar a bike nesse estado dentro de um apartamento não é para qualquer um, mas eu consegui rsss. Mas ela me ajudou e finalmente eu estava feliz por ter conforto novamente. Agora já posso rir de tudo isso.

Quero agradecer ao Cassiba pelo convite e pela companhia e ao Maneca, Flavio e Fabiano pela parceria no pedal. Agradecimento também para o Rodrigo que organizou toda essa diversão e a todos os ciclistas que estavam participando.

Da próxima vez vou optar pela van. Abraços.

Confira minha pedalada no Garmin:

Confira minha pedalada no Strava:

8 comentários:

  1. Caramba, relato de pedal hard mesmo.
    Parabéns pela coragem e bravura de sair de casa mesmo com este tempo imprestável de chuva que fez nos últimos dias.

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    1. Esse tempo não tá fácil. Não é só pelo fato de se molhar, o pior é a revisão na bike depois $$$$$. As chances desse pedal ser adiado eram nulas e claro que eu iria fazer o possível para não ficar de fora dessa diversão. Obrigado pela visita e estou acompanhando o seu retorno aos pedais. Seja bem vindo novamente, a musa do sofá já estava com saudades. Abraço.

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  2. Sabe Jefo, pensei que só nós tinhamos "Brilhantes Idéias"... mas vejo que mesmo sem querer o Cemin melhorou bastante nossos Desafios!
    Realmente eu não imaginava tanto esforço para cumprir esse objetivo que na verdade é um sonho antigo desde a época da extinta Equipe Pedra Branca (2007)... Apesar de puxado foi muito prazeroso fazer um pedal hard bem ao estilo Cães Sarnentos!
    Essa altimetria foi maior que a do Audax 300Km na Lapa-PR...
    Parabéns para vc, para mim, Flávinho e Fabinho que encararão também essa loucura! Afinal o que define um objetivo cumprido com Louvor é a união e o companherismo.
    Valeu Seco e até a Próxima!!!! hahahaha

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    1. Quando eu acho que já conheço bastante loucos vem um e me apronta uma dessas. Já vi que o Cemin é dos nossos. Apesar de todo o sofrimento do sobe e desce da estrada de chão, o medo ficou para a parte de asfalto. Para ficar completo só faltou uma trovoada kkkk. Fiquei bem preocupado com o Flavio mas ele também teve consciência e soube como conduzir a situação até o seu limite. Como digo: temos que reconhecer os sinais do nosso corpo, nada de heroísmo nessas horas. Não sei se haverá uma trip pior (melhor) que essa mas vou começar a procurar rsss. Abraço e que venha a próxima.

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  3. Vocês são feras,ainda não me perdou pela minha furada, queria tudo isso pra mim tbm,afinal se um sofre todos podem sofrer kkkk,Parabéns a todos inclusive a mim que não fui kkkkk mimimi aquu não é permitido!

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    1. Infelizmente a parte do sofrimento sobrou apenas para três, quer dizer quatro, pois o Fabiano também enfrentou essa quilometragem e sozinho. Essas coisas acontecem. Com certeza terão outras oportunidades. Abraço.

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  4. E um prazer participar de um pedal tão light para um super randonneur, assim acabei superando os meus próprios limites.
    Uma salva de palmas para quem teve essa brilhante ideia.
    Abraços

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    1. Parabéns pela superação. Pena que você ficou com medo de apanhar quando chegasse tarde em casa e nos abandonou no meio daquele mato. Perdeu a melhor parte que era subir aquele morro dos infernos. Mas vou voltar lá para concluir esse desafio, com certeza. Abraço.

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