Na região do Rio da Prata a chuva parou, na serra o céu claro com nuvens e ao leste a torcida para o sol nascer logo.
Subi a serra em ritmo de treino, mas a revitalização de alguns trechos da serra me fizeram parar para eu conferir de perto as melhorias. Estão pintando e limpando os trechos próximos a pequenas cachoeiras e bicas d'água ás margens da rodovia.
Continuei meu pedal e cheguei no mirante com o corpo quente, por fora molhado da chuva, por dentro molhado do suor. Parei um pouco e comecei a pensar em voltar para casa e tal. Foi quando decidi ir em frente com o meu objetivo inicial, afinal eu já estava molhado sujo e na estrada, só preciso continuar pedalando.
Segui a pedalada serra acima, passei pela entrada da Estrada Rio do Júlio ás 7:30 hs e ás 8:00 hs na divisa com Campo Alegre fiz minha primeira parada, 10 minutos foram suficientes. O sol aparecia tímido de vez em quando.
Para os ciclistas essas placas significam: "subida á frente" ou "prepara as pernas".
Uma coisa que eu não havia percebido quando passei por aqui outras vezes é a utilidade ou curiosidade da informação para quem passa. É possível saber a distância para Tóquio, Lisboa ou Moscou por exemplo.
Parei em Campo Alegre apenas para um "pipi-stop" e uma foto, depois fui encarar o sobe e desce até São Bento do Sul.
Em São Bento do Sul atravessei a cidade em direção ao centro. Cheguei na praça central e descansei um pouco. Logo chegou outro ciclista e conversamos um pouco, ele estava aguardando um grupo para darem umas pedaladas também. Me despedi dele e subi o morrinho até a porta da igreja para o registro.
Comecei a procurar o caminho até a BR-280 dentre os vários morros que tem dentro da cidade. Ao chegar na BR encontrei vários ciclistas pedalando em sentido oposto. Antes da descida ainda tem vários sobe-e-desce e parei para fazer mais um lanchinho.
Última morreba antes da descida, essa é longa.
Obaaaa!
Essas nuvens não são um bom sinal.
A descida é longa e a maioria dela tem acostamento. Mesmo assim não passei dos 60 km/h que já é uma boa velô. Acabou a descida, agora tem que pedalar de novo.
O trecho entre Corupá e Jaraguá do Sul é sofrido, a estrada é péssima e sem acostamento. Eu me arrisquei pedalar algumas vezes na pista, mas os ônibus e caminhões te jogam pro areião, tem que ter cuidado. Quando eu estava quase saindo de Jaraguá do Sul começou a chover novamente, parei um pouco num ponto de ônibus para guardar os eletrônicos e comer uma barrinha.
Logo a chuva parou e segui viajem, estava ansioso para chegar em casa e já passava das 14:00 hs. Ficava pensando também em como estaria o Cabelo naquelas horas no seu Audax 600 km, eu já estava quase morto com 150 km rsss.
Entrei na rodovia do arroz e imprimi um ritmo mais forte. Comecei a ouvir trovões e logo era possível avistar riscos de fogo sobre os morros de Guaramirim e Schroeder. Não demorou muito para despencar água. Nesses momentos não sei o que é melhor fazer. Na dúvida parei sob um ponto de ônibus, claro que não era o lugar mais seguro para se estar em uma tempestade.
A trovoada passou mas a chuva continuou forte, continuei meu pedal já imaginado um banho quente e roupas secas, afinal eu já estava há dez horas pedalando. Perto do Arroz Vila Nova a chuva parou e não pude deixar de registrar a paisagem que se formou.
Passei pelo bairro Vila Nova e Distrito Industrial, quando estava entrando na minha rua encontrei o meu mecânico Carlão andando na calçada. Conversamos um pouco e ele quase chorou ao ver o estado da minha bike. Ele fez questão de dar um trato na bike naquela hora mesmo, pelo menos para tirar o excesso de areia. É aqui na Bikecaverna do Carlão que eu deixo a minha magrela, serviço de confiança e personalizado.
Depois de onze horas de pedal, 185 km rodados e elevação acumulada de 3500 metros missão cumprida. Ainda bem que eu só iria fazer esse pedal caso não chovesse. Querida, cheguei he he.
Confira minha pedalada no Garmin:
Confira minha pedalada no Strava: