sábado, 5 de maio de 2018

05/05/2018 - 2ª Etapa do Campeonato Catarinense de Corrida de Aventura

Depois da primeira experiência em corridas de aventura, dessa vez eu estava mais preparado, pois já tinha uma ideia do que eu enfrentaria. Mas corridas de aventura sempre tem surpresas e nessa não foi diferente. Nossa equipe formada pelo Cleomar, Cristina, Everton e eu, estava confiante em superar a classificação frustrante da primeira etapa. Essa etapa aconteceu em Penha - SC. Saí de casa ás 6:20 hs de sábado para passar no Cleomar e seguimos rumo à Penha. Chegamos lá e a primeira coisa a fazer foi partir em caravana para levar as bikes até o PC. No retorno pegamos o mapa e o race book para estudarmos a região.


A largada atrasou um pouco e as 10:50 hs, todos já estavam preparados para começar a corrida.


Dada a largada saímos correndo sobre a areia da praia, e depois sobre pedras. Eu ia saltando de uma pra outra. Senti as solas dos meus tênis descolarem, não dei bola, continuei mesmo assim. Em seguida as pedras ficaram molhadas, apesar da maré baixa, as ondas já chegavam mais perto. Diminuí o ritmo e comecei a pisar com mais cuidado. De repente escorreguei, foi tudo tão rápido, quando abri os olhos tinha uma pedra na frente do meu nariz. Fiquei ali um tempo, tentando entender o que tinha acontecido. Levantei devagar e senti o gosto do sangue na boca. Saí do caminho para dar passagem e o sangue começou a tingir as pedras, o que assustou alguns participantes.


Eu não sentia dor, nem inchou, mas o local onde cortou sangrava muito. Peguei o kit primeiros socorros e tentamos estancar o sangue. Suado como eu estava era quase impossível. Sorte que a ponta do capacete e o óculos protegeram um pouco. Perdemos algum tempo com esse meu momento de distração. Subimos as encostas de pedras e a paisagem ficava mais bonita e desafiadora.



Encontramos as outras equipes tentando descer um paredão de pedras. Era um lugar muito perigoso, por isso cada participante levava mais de 5 minutos para descer.


Acredito que ficamos ali por quase uma hora. A descida era por ordem de chegada e além disso uma equipe ajudava a outra.


 


Chegou minha hora de descer. Era um paredão de uns 4 metros, sem muita opção para firmar o pé e as mãos. A ajuda de uma outra pessoa era realmente necessária para descer com um pouco de segurança.


Depois de vencido o medo e ter conseguido estancar o sangue, corremos pela praia. Com todos esses contratempo que aconteceram eu pensava que a nossa meta de classificação já era. Vamos curtir a prova. Voltamos para a pousada e pegamos o patinete para percorrer 5 km. Como só tinha um patinete a Cristina se mandou com ele, enquanto nós três fomos correndo.


Conseguimos alcançar um quarteto nesse trecho, mas a gente não estava almejando ir muito longe nesse ritmo.


No próximo ponto de transição, entregamos o patinete e fizemos mais um pouco de corrida na areia até encontrarmos os ducks. O Cleomar e o Everton atravessaram o canal a nado para pegar os dois botes. Era 14:00 hs quando remamos pelo mar até entrar no rio Piçarras.


Subimos o rio, sempre prestando atenção para não pegar uma via errada. Num determinado ponto o rio ficou raso, parecia aqueles pântanos de filme. Perdemos uma posição nesse trecho. Enquanto o Cleomar estudava o mapa o Everton começou a sentir câimbras. Ele esticou as pernas por cima do bote e eu empurrava os pés dele para trás. Nunca tinha visto alguém gritar de dor de câimbras, as pernas dele se contraíam, relaxavam um pouco e logo contraíam de novo. Foi um momento tenso. Ele chegou a entrar na água para ver se parava, mas adiantou pouco. - "Empurra o meu pé mais forte". - ele gritava. Só se eu quebrasse. Depois que as câimbras aliviaram continuamos nossa remada. Num determinando ponto o Cleomar disse para sairmos do rio. Saímos em uma arrozeira, não tinha nada perto. Ao longe era possível ver uma Van. - "Acho que temos que levar os ducks até lá" - ele falou. Foi o que fizemos, carregamos os ducks uns 200 metros até onde estava a Van e para a nossa sorte era o ponto de transição onde estavam as bikes. Olhamos em volta e tinham bikes demais. - "Parabéns, vocês são o segundo quarteto a chegar até aqui" - disse o staff que estava no local. Olhamos um para o outro, pegamos as bikes e partimos mais motivados. As outras equipes provavelmente erraram o local para fazer a transição e perderam tempo.



Durante o trecho de bike era necessário passar por reflorestamentos e trilhas para marcar nossos cartões.


Perdemos um pouco de tempo aqui, procurando em locais errados, mas que estavam muito próximos.


Concluídas as tarefas de bike era necessário realizar as tarefas do trekking. Deixamos as bikes em uma igrejinha em Navegantes e fomos subir o Morro Escalvados ou Morro da Pedra. Já conheço essa "morreba", vim uma vez e subi de bike. Faz muito tempo, hoje a estrada estava melhor, mas ainda era um morro.


Chegamos ao cume já era noite. Era possível ver as luzes das cidades vizinhas e dos carros passando pela BR-101.


Depois de realizadas as tarefas na parte alta do morro é hora de descer pela estradinha do outro lado. A terra estava molhada e a descida era bem íngreme. Eu corria morro abaixo fazendo barulho com as solas penduras.


Descemos tão rápido que passamos do ponto para acessar uma trilha. Subimos de novo um bom trecho do morro e achamos a trilha. Agora estamos no caminho certo novamente.


Não dava pra parar um pouco que os pernilongos já se aproveitavam do nosso sangue.

Essa cara significa que a diversão acabou e que quero ir pra casa.

Passamos algumas porteiras e chegamos nos fundos de uma propriedade particular. Achamos o prisma com o perfurador para marcar nossos cartões e voltamos para a igrejinha pegar nossas bikes. Lá recebemos a informação do organizador que a prova seria reduzida. Isso deixou a gente empolgado, pois logo terminaríamos a prova.


Mas nem tudo são flores, ainda tinham trajetos e tarefas para fazer. Mais uma vez nos perdemos e tivemos que ficar subindo e descendo morros até encontrar o caminho certo.


Eu já estava muito cansado fisicamente e mentalmente. Só as solas do meu par de tênis estavam resistentes.


A última tarefa era pegar a informação da placa amarela e ir embora pela trilha que costeia a praia. Um trechinho chato para quem já estava pensando em ir embora.


Depois que pegamos o asfalto o bagulho rendeu. Alta velocidade e essa pousada não chegava nunca. Com muita persistência, alguns ralados e 12 horas de prova chegamos na pousada. Entregamos nossos cartões para conferência e logo veio a confirmação: segundo lugar na categoria expedição quarteto misto.


Quero agradecer à todos que torceram e nos apoiaram nesse desafio. Agradeço pelo apoio da minha família. Muito obrigado ao Cleomar, Cristina e Everton pelo apoio, compreensão e cuidados comigo, principalmente quando precisei de primeiros socorros. Obrigado à todos os seguidores e que venha a terceira etapa. Abraços.