domingo, 5 de maio de 2019

05/05/2019 - 7º Desafio dos rochas

Depois de uma estréia sofrida no Desafio dos Rochas no ano passado, esse ano resolvi me preparar bem para chegar detonando nessa prova e quem sabe ficar entre os top 10 na categoria. Alimentação, treinos e equipamento estavam todos em dia. Me inscrevi para o circuito pró individual. Seriam 100km com mais de 3000m de altimetria acumulada. Ao todo, 1350 atletas estavam inscritos na prova de mountain bike nas mais diversas categorias.


No início da tarde de sábado, eu, Ernandes, Fernando e Flavio, saímos de Joinville com destino à Pomerode. Assim que chegamos fomos nos instalar no hostel que eu havia reservado, bem diferente daquele que ficamos na Praia do Rosa. O Ernandes até me elogiou kkkk. O melhor de tudo é que ficava há uma quadra de distância do Pavilhão de Eventos, onde foi feita toda a concentração, largada e chegada da prova.


Fomos pegar nossos kits e visitar os estandes dos patrocinadores. Fizemos compras, encontramos os amigos e até tomamos um chopp. Ficamos ali na mesa do restaurante conversando e aguardando o jantar de massas.


O evento no geral é show. Tem bastante atividades para os adultos e crianças. Torneios de serrar madeira, quem bebe mais chopp, desfile e danças folclóricas. Durante o jantar de massas teve até bandinha, lembrando as tradicionais festas alemãs de outubro.


Para nós o principal é a prova de mountain bike. Assim que o jantar foi servido, nos preparamos para ficar no início da fila, comer bem sossegado e voltar para o hotel para descansar, pois amanhã o dia será puxado. Com o ar condicionado funcionando e fazendo um barulhinho que simulava chuva, dormimos muito bem. Mas depois nos falaram que choveu mesmo nos morros da região.

No dia seguinte acordamos às 6:00hs para o café da manhã do hostel. Preparamos as bikes e tudo o que precisaríamos durante a prova. A largada seria em blocos de acordo com a categoria e às 8:00hs da manhã foi dada a primeira largada.

Ás 8:06hs a minha categoria largou. Pessoal pegou forte nesse começo de prova neutralizada que passava por avenidas dentro da cidade. Logo começamos a subir e assim que o asfalto acabou a brincadeira começou de verdade e subimos o primeiro morro da prova. Entramos em uma trilha e o pelotão parou. Havia um degrau na trilha onde só passava uma bike de cada vez e a situação ficou tensa. Ficamos ali por vários minutos, dando um passo de cada vez até passar pelo obstáculo.


A trilha estava muito encharcada e era difícil se equilibrar. Assim que começou o estradão, o pessoal começou a puxar forte novamente, dando a impressão que daquele momento em diante a prova iria fluir. Saí em uma estrada na divisa com Jaraguá do Sul e novamente tinha mais morro para subir. Agora comecei a reconhecer o lugar, eu estava na divisa com Jaraguá do Sul e Pomerode e assim que cheguei no topo do morro segui pela Estrada Carolina. Eu já imaginava que a organização nos colocaria para subir o Morro do Saco por uma trilha de acesso, esse lugar eu já conheço e exige bastante preparo físico para subir tudo pedalando.

Mas nada estava tão ruim que não poderia piorar. Ao chegar no topo do morro, nos colocaram para subir um pasto bem pesado e uma estradinha de barro vermelho. Logo a estradinha virou trilha e começou o pior trecho da prova. Um lamaçal que não tinha para onde fugir, era impossível pedalar. A sapatilha sumia em meio ao lodo e a bike ia acumulando essa lama nos pneus e logo eles trancavam no quadro e na suspensão. Todos os participantes que estavam ali comigo, começaram a travar uma batalha com a própria bicicleta, tentando achar alternativas em como transpor esse obstáculo. A bike já estava muito pesada para ser carregada, empurrando não dava, ficar limpando a cada minuto é inútil. O jeito foi trazer ela de arrasto, virando montes de lama como se fosse um equipamento agrícola. O pior que isso não foi só na subida, a descida era pior. Acham que eu estou exagerando? Imaginem essa situação por 3km. Isso mesmo 50 minutos para superar 3km de trilha. Era gente caindo por cima da bicicleta e vice versa. Muita gente ficou frustrada, xingaram muito e ali já declararam que não iriam continuar a prova, pois isso não é mountain bike.


Deu vontade de desistir agora também, mas não sou de desistir fácil, a não ser que eu perceba que não vale mais a pena. Ao chegar na estrada novamente, muitos foram embora. Eu ainda acreditava que poderia recuperar a prova. Subi o Morro Schmidt e desci. Mais um estradão e uma trilha infernal, na mesma situação que a anterior.


Encontrei o Everton e conversamos um pouco. Ele falou que estava desistindo da prova. Deu vontade de voltar junto com ele, mas resolvi arriscar mais um pouco.


Entrei em outra trilha e logo depois a subida em estradão, senti as câimbras nas duas pernas, forcei muito naquele lamaçal. Tomei um suplemento e subi o resto do morro empurrando a bike. O corpo já dava sinal de exaustão e não estava nem na metade da prova.


Tentei mais um pouco, dei uma forçada no ritmo mas sentia dores. Outra trilha de empurrar a bike e para mim foi a gota d'água. Não vim aqui para isso. Vim para pedalar, saltar obstáculo, empurrar a bike quando necessário. Não ficar arrastando ela por quilômetros e estragando todos os componentes.


Dei meu número para um staff e saí do circuito da prova. Hoje vejo que demorei para tomar essa decisão, deveria ter desistido antes. Teria me poupado e poupado a bike também. Saí da prova muito frustrado. Foram meses de treino e muito dinheiro investido para chegar aqui e a prova não ter o propósito do mountain bike. Mas é assim, se não vale a pena é melhor não fazer. Não é questão de desistir por não conseguir completar o percurso. Eu acredito que até conseguiria, mas a que preço?

Foi assim, criei muita expectativa e a decepção veio na mesma proporção. Mas como disse um amigo meu: "Não crie expectativas, crie galinhas e porcos. Se tudo der errado, você terá ovos com bacon".

Fui direto para o hostel. Coloquei a bike no teto do carro e fui tomar um banho. Voltei para o local do evento onde encontrei o Everton e o Flavio, logo chegaram o Ernandes e o Fernando. Todos desistiram da prova. Tivemos bastante assunto e eles tomaram chopp para afogar as mágoas. Eu não, pois iria dirigir em breve.

Arrumamos as tralhas no carro e paramos em um Subway para nosso almoço. Já era 15:00hs.


Assim foi mais um final de semana de aventuras e apesar da pedalada não ter saído como gostaríamos, foi muito bom estar na companhia desses amigos. Rimos muito e temos muita história para contar. Se eu vou voltar no próximo ano? É bem provável que não. Abraços e até a próxima aventura.

Confira minha pedalada no Garmin:

Confira minha pedalada no Strava: