Mais um ano vai chegando ao fim e novamente estou em Rio do Sul para participar dessa prova clássica que reúne ciclistas de todo o Brasil e até do exterior. É a minha quarta participação e novamente me inscrevi na categoria de mountain bike 60K. O Pelinha, Fabinho e Flavio também se inscreveram e como aconteceu no ano passado, fizemos aquela carinha de gato de botas para ficar na casa da Dona Tereza, mãe do Pelinha. Dias antes da viagem surgiram algumas mudanças pois a esposa do Fabiano não poderia ir, então "convidei" a minha esposa para que ficasse em casa também. Assim eu, Fabinho e Flavio iríamos em um carro só. No sábado fiquei encarregado de coletar os cães sarnentos em seus devidos lares já com a capivara (VW Quantum) em ritmo de competição com os vidros adesivados. Duas bikes foram dentro e uma no rack.
Fizemos uma viagem muito cansativa devido a um congestionamento em Apiúna mas deu tudo certo. Assim que chegamos em Rio do Sul já fomos até o local do evento retirar nossos kits.
Encontramos os colegas e conhecidos do mundo ciclístico. Conversamos um pouco, trocamos algumas ideias e depois fomos fazer compras para o café da tarde, a janta e o café da manhã do dia seguinte. Depois do primeiro café o Fabinho quis mostrar que era um menino prendado e já foi tomando conta da cozinha.
Logo depois foi a vez do Pelinha e do Flavio matarem a saudade de tanto tempo longe e se encarregaram de fazer uma bela macarronada para a janta.
Depois de bem abastecidos tomamos um banho e fomos dormir pois no dia seguinte não teria muito tempo para isso.
Acordamos ás 6:00 hs e começamos a fazer os preparativos com alimentação e os últimos preparos com as bikes. Saímos ás 7:30 hs rumo ao local de largada que ficava há alguns quilômetros da casa onde estávamos. O céu estava nublado e o clima meio abafado, não parecia que ia chover tão cedo.
No local de largada alguns ciclistas já estavam aquecendo enquanto outros ficavam conversando como a gente.
Encontramos o Ernandes que trabalhou comigo na falida Busscar Ônibus e agora também aderiu aos prazeres do ciclismo.
Minutos antes da largada o corpo começa a tremer e eu sinto aquele friozinho na barriga. Para ajudar o locutor começa a falar dos desafios vencidos, superação e etc. E a música de fundo se não é aquela do Ayrton Senna é aquela tema do filme Carruagens de Fogo. Daí é pra acabar com o atleta já na largada.
Foto: TrilhasBR |
Depois disso vem a contagem regressiva, largamos sob uma forte chuva e com atenção redobrada devido ao aviso de vários buracos na pista. Como sempre a largada é neutralizada nos primeiros quilômetros, mas aqui neutralizada é 42 km/h.
Foto: TrilhasBR |
Eu estava bem posicionado atrás do primeiro pelotão, mas na serra esticou tudo e não consegui acompanhar o ritmo dos ponteiros, mesmo assim foi minha melhor subida comparando o tempo com os outros anos. Lá em cima o sol apareceu, fiz o retorno e na descida uma serração e a pista muito molhada me aguardavam. Passei pelo Fabinho, Ernandes e Flavio que ainda estavam subindo, dei uma olhada rápida para o ciclocomputador e estava marcando 80 km/h, que adrenalina.
Foto: TrilhasBR |
Desci sozinho e continuei assim por mais uns 10 km, até ser alcançado por outro atleta desgarrado e juntos fomos aumentando o ritmo e conseguimos alcançar outro grupo com três atletas. O grupo foi ficando maior e na parte dos pavês escapei do pelotão e consegui me infiltrar no pelotão que estava mais a frente.
Foto: TrilhasBR |
A tensão aumentava e havia muitos buracos na pista que eu desviava ou muitas vezes saltava por cima. Nosso pelotão tinha entre 10 e 12 competidores, no último quilômetro consegui me posicionar bem a frente e fui na roda de um dos ponteiros do pelote até dar o bote e tentar uma ultrapassagem no sprint.
Foto: TrilhasBR |
Por meia roda não consegui fazer a ultrapassagem, mas foi muito emocionante, me senti no Tour de France.
Foto: Desafio Márcio May de Ciclismo de Estrada e Mountain Bike |
Chegada do pelotão que eu estava |
Peguei minha medalha de participação e uma fatia de melancia, não conseguia nem ficar em pé. O Pelinha, que tinha feito 45 km, veio me cumprimentar e entreguei a bike para ele segurar enquanto eu sentei no meio fio.
Alguns minutos depois chegaram o Ernandes e o Fabinho.
Ficamos esperando o Flavio e ele não aparecia, começamos a ficar preocupados, mas depois de muito tempo ele apareceu são e salvo.
Fiquei muito feliz com o meu desempenho e a minha colocação. Em relação ao ano anterior conquistei bastante posições. Fiquei em 11º na categoria e 53º na classificação geral, contra 17º e 78º do ano anterior. Depois de conversarmos um pouco e descansarmos bastante é hora de voltar para a casa.
Dei um trato na bike e depois fui para o chuveiro, saía areia até do ouvido. Almoçamos frango com maionese e pão e depois colocamos as coisas novamente na querida capivara e pegamos a estrada. Quero agradecer novamente a Dona Tereza e Pelinha que nos ofereceram um lar por dois dias. A gente fica tão a vontade que até parece que estamos em casa. Ao Fabinho e Flavio pela companhia e parceria nesse evento, ao meu "Paitrocinador" que ainda ajuda esse marmanjo nessas loucuras, a minha esposa que não pode vir mas ficou em casa na torcida e a todos que acompanham minhas aventuras mesmo de longe. Ano que vem quero estar aqui de novo. Abraços.
Confira minha pedalada no Garmin:
Confira minha pedalada no Strava: