domingo, 22 de abril de 2018

22/04/2018 - 6º Desafio dos Rochas

Há anos venho dizendo que um dia gostaria de participar do Desafio dos Rochas, mas sempre eu criava um obstáculo para dizer que não podia ir. Mas para essa edição a coisa foi diferente. Me comprometi com outros amigos para irmos lá e participar de um dos maiores desafios de mountain bike da região. Para não haver desculpas de última hora, fizemos as inscrições em novembro, aproveitando também o menor preço e o parcelamento. Me inscrevi para a categoria pró, trecho mais longo e mais desafiador. Queria curtir a prova, mas também almejava um top 10 na categoria. Por isso foram meses de preparativos, fazendo os treinos mais consistentes, abrindo mão dos passeios em grupo e fazendo treinos solitário.

Para o final de semana do evento, reservei um hotel para eu e a esposa, fomos um dia antes para aproveitar o passeio e a estrutura oferecida pela organização.



Depois de almoçar e conhecer o centrinho de Pomerode, fomos para o hotel. Para tirar um pouco da ansiedade da prova, fizemos uma caminhada pela trilha nas dependências do hotel.



A noite fomos ao jantar de massas, que já estava incluso no valor da inscrição. Tinha uma fila grande, afinal foram mais de mil inscritos para a prova. Assim que terminamos voltamos para o hotel, fiz os últimos ajustes na bike e tentei dormir. No dia seguinte o hotel serviu o café da manhã mais cedo, foi jogo rápido e saímos para o centro da cidade. Encontrei o Flavio, Ernandes e Fernando nos preparativos. Fizemos um aquecimento breve e fomos alinhar para a largada.


Primeiro teve a largada da categoria sport. Ficamos aguardando a nossa largada com aquela tremedeira nas pernas, o friozinho na barriga, o coração já dispara mesmo estando ali, parado. Vontade de correr para o banheiro. Mas na verdade, não tem para onde correr, o jeito é encarar a situação.

Dada a largada, foi aquela loucura, mais preocupado em não cair do que ganhar posições. O pelotão avançava a mais de 40 km/h mesmo em estrada de chão. Alguns acidentes sempre acontecem e nessa prova não foi diferente, mas consegui escapar de todos. Depois de alguns quilômetros entramos na primeira trilha.


Essa trilha serviu para dispersar o grande pelotão que vinha desde o início. A prova continuou pelo estradão, formando-se pequenos pelotões ao longo do trajeto. Eu ainda não tinha me encaixado na prova. Estava me sentindo bem, tinha força, mas não conseguia acompanhar o pelotão nos trechos planos. Nas subidas eu recupera as posições, que logo seriam perdidas nos trechos mais rápidos.


Outra coisa que me incomodou foi a mochila. Com a ideia de não parar nos pontos de hidratação, levei duas garrafinhas de isotônico e a mochila com 1 litro de água. Mas isso judiou das minhas costas e me atrapalhou bastante. A prova estava boa, apesar do calor, as trilhas estavam secas e tivemos que atravessar alguns rios.



Quando chegaram as subidas mais duras, senti que me encaixei na prova, a mochila ficou mais leve e parecia que o negócio ia começar a render. Mesmo assim estava preocupado com a subida do Morro Schmidt ainda mais se o acesso seria pelo Morro Trettin. Conheço os dois de longa data.

A subida do Trettin foi sofrida, sol forte, subida íngreme, empurrei. Parei no ponto de hidratação antes do acesso ao Schmidt. Continuei subindo, essa subida é longa, mas tem alguns "descansos" no caminho. Comecei a ouvir um barulho estranho vindo do câmbio traseiro. Olhei e a corrente tinha saído da roldana inferior. Parei, coloquei no lugar e continuei. Mas o problema se repetiu. Resolvi desmontar a roldana para ver se tinha engatado algum galho ou terra. Ao desmontar a roldana fiquei com o braço do câmbio na mão. Sem a roldana inferior, passei a corrente pela engrenagem maior e pela roldana que sobrou no câmbio. Estiquei o câmbio com uma fita isolante que tinha no bolso. Conseguia pedalar assim nos trechos menos íngremes. Mas em uma descida a corrente entrou entre a roda e o cassete e quebrou o câmbio dianteiro. Tirei a corrente e continuei a prova a pé. Empurrei até o final do morro e montei na bike para descer pela trilha mais perigosa da prova, mas com um visual bem bacana.


Fiquei sem a relação de marchas com 65 km de prova, ainda faltavam 30 km para concluir. Pensei em cortar a corrente e colocar em uma marcha única, mas estava sem chave de corrente.


No momento o meu pensamento era: "como vou voltar para o centro da cidade?". Perguntei para um staff se teria um carro de resgate, ele falou que iria demorar. Como agora tinha a descida do Morro do Saco, resolvi correr mais um pouco e descer esse morro. Lá em baixo surgiu a dúvida: continuar na prova mesmo sem corrente, ou ir para casa como desistente da prova? Escolhi a primeira opção. Subi mais um morro empurrando, mais um ponto de hidratação e mais uma trilha. Encontrei o Everton e o Flavio que estavam correndo em dupla. O Flavio sofria enquanto o Everton estava todo elétrico. Consegui a chave de corrente com o Flavio, encurtei a corrente e coloquei em uma marcha só. Mas ela não parava onde eu queria, caía, trancava no eixo. Desisti, tirei a corrente novamente.

Já passava do meio dia quando cheguei no calçamento da cidade, um trecho plano e quente, nem pensar em montar na bike para conseguir algum embalo. Sofri, fiz uma nova tentativa para encurtar a corrente, agora deixei no tamanho para ela ficar na menor engrenagem. Mas a danada tinha vida própria e resolveu subir as engrenagens sozinha. Subiu tanto que puxou a roda a ponto do pneu trancar no quadro. Tirei essa merda de novo e saí correndo empurrando a bike. Passei pelo último ponto de controle e hidratação. Faltavam 10 km para concluir a prova. O organizador pegou o rádio para chamar um carro de resgate. Eu falei:
- "NÃO", vou concluir a prova;
- Mas são 10 km;
- Eu sei, já fiz 20 km, obrigado, mas tenho tempo para concluir a prova.
E saí correndo. Corri uns 200 metros e descolou a sola da sapatilha. Sem opções, dei meia volta para aceitar a oferta do carro de resgate. Foi quando vi dois ciclistas vindo e percebi que eram o Ernandes e seu primo Fernando que estavam correndo em dupla. Expliquei a situação para eles e o Ernandes disse: "sobe na bike que a gente te puxa". Passei umas três voltas de fita isolante na sapatilha e uma fita plástica que o Fernando tinha e voltei para a prova.


Nas subidas nós três empurramos as bikes, o Fernando estava com câimbras. Nas descidas eu me virava e nos planos eu era empurrado ou puxado pelas alças da mochila.

Eu, Ernandes e Fernando
Próximo a chegada o pessoal que assistia dava aquela força. Os staffs também, pois já sabiam da minha situação nas conversas do grupo de WhatsApp.



Foi uma chegada muito emocionante, não sabia se eu conseguiria fazer 30 km de prova tendo que empurrar uma bicicleta. Mas com a ajuda de amigos e muita determinação isso foi possível. Concluí a prova com 7:34 hs ficando em 37º na minha categoria que tinha 40 inscritos.



Fernando, Ernandes, Flavio e eu
Esse desafio será inesquecível, não sei porque demorei tanto tempo para resolver participar. Uma prova muito bem organizada, vale muito a pena. Única prova que participei que os pontos de hidratação, além de água e frutas, tem chopp, Coca-Cola, batata cozida e música ao vivo. Não vejo a hora de abrirem as inscrição para a edição de 2019, tenho um acerto de contas com o 7º Desafio dos Rochas.

Essa foi suada.
Muito obrigado á todos que encontrei no evento ou durante a prova. Tinham muitos conhecidos, obrigado pelas palavras de consolo e força. Obrigado por todos que me ajudaram, ou tentaram, durante essa prova. Quero agradecer também à minha esposa Josiane que por meses teve muita paciência com a minha rotina sobre a bike. Obrigado à minha família pela força e meus patrocinadores Mel Sol e Bitentec. Abraços e até a próxima.

Confira minha pedalada no Garmin:

Confira minha pedalada no Strava:

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