domingo, 24 de janeiro de 2016

23 e 24/01/2016 - Copa Sul Master de Ciclismo

Nesse final de semana resolvi participar de uma prova diferente para mim. Há cinco anos venho pedalando e participando de algumas competições na modalidade mountain bike, sem muita pretensão é claro. No ano passado consegui adquirir minha bicicleta speed e desde então venho treinando com ela também, sem deixar o MTB de lado. Conheci pessoas novas nessa modalidade e um jeito novo de guiar uma bicicleta. Treinei pouco, mas gostei do estilo diferente de competir onde mesmo atletas de equipes rivais se ajudam durante a prova. Nos treinos que vou, participam atletas da elite do ciclismo estadual e nacional. Portanto eu sabia que ir numa prova dessas era apenas para observar bastante, adquirir experiência e pedalar que é o que gosto de fazer. Então me inscrevi para a copa sul master que é válida pelo ranking estadual e nacional. No sábado seriam as etapa de circuito em São Bento do Sul e contra relógio em Campo Alegre. No domingo aconteceria a etapa de resistência em Rio Negrinho. Aproveitei para levar a esposa como apoio e também para dar uma volta e agradar um pouquinho rsss. No sábado saímos cedo de Joinville e chegamos antes das 9:00 hs em São Bento do Sul para a primeira etapa. O céu estava azul mas na serra ainda tinha um friozinho que fazia algumas pessoas usarem agasalho. Ajeitei a bike e me arrumei com calma enquanto observava a largada da outra categoria.





Terminada a primeira categoria era a minha hora. O pessoal ocupou a pista e aquecemos. Eu estava trêmulo, com aquele característico friozinho na barriga.



Logo a organização chamou para alinhar e a expectativa aumentava.




Nem começou e já estou bebendo água.
Fiquei lá atrás do pelotão para não atrapalhar ninguém, afinal eu era apenas coadjuvante. Dada a largada o pelotão saiu e eu fui atrás.



Logo de cara tinha uma subidinha que ajudou a queimar rápido os músculos das pernas. Cada volta tinha 5 km, no total de 10 voltas. Haviam subidas e descidas em ambas as pistas que somados aos dois retornos em "U" tornavam a prova bem técnica. Os ataques eram constantes e logo o pelotão acelerava para neutralizar, o ritmo caía um pouco, o que era um alívio pra mim, mas em seguida outro ataque e assim seguiu durante todo o trajeto.


Na segunda volta já tinha gente sobrando e eu persisti tentando não sair do pelotão. Na terceira volta ataquei antes do retorno apenas para ficar na ponta um pouquinho, ouvi o pessoal dizendo "tá sozinho, tá sozinho". Depois do retorno tinha mais uma subida, não consegui retomar a velocidade a tempo para a descida e sobrei.

Foto: Cabeça

Fiz umas duas voltas sozinho até encostar em outro atleta e fomos revezando.

Foto: Cabeça

Foto: Cabeça
Seguimos num ritmo bom, ele estava enfrentando as subidas melhor e eu puxava na reta oposta. Na última volta não briguei por posição, esperei ele me passar, mas ele também não fez questão e chegamos praticamente juntos depois de 8 minutos do primeiro colocado.

Foto: Cabeça
Depois foi hora de acompanhar o pódio, comer umas frutas e hidratar. Já fui arrumando as coisas e saímos para procurar um lugar para almoçar pois já eram 12:30 hs e a próxima etapa começa ás 15:00 hs em Campo Alegre.



O sol começou a castigar e ás 15:00 hs eu já estava em Campo Alegre me arrumando para o contra relógio. Soprava um ventinho serrano á favor do nosso destino. Aqui não tem muita técnica, é foco, força e ter um equipamento bom também ajuda. Olhando os profissionais se aquecerem me senti fora da casinha. Eles com as bikes próprias para a ocasião, avaliadas na faixa dos R$ 30 mil e com suas roupas aerodinâmicas e capacetes espaciais faziam qualquer amador murchar antes da largada. Mas fui lá fazer o que foi proposto. Chamaram meu nome e alinhei aguardando a contagem regressiva.





Quando ouvi o "já", saí descendo marcha e quando percebi já estava na última, no início da rodovia tinha uma leve descida que antecipava uma subida mais longa. Meu coração não baixava dos 160 bpm e nas descidas cheguei próximo dos 70 km/h. Foi um sprint de 11 km que completei em pouco mais de 18 minutos, enquanto os primeiros colocados da minha categoria ficaram na faixa dos 14 minutos. Esperei lá um pouco até todos passarem e fiquei na 11° posição no contra relógio. Depois tive que voltar pedalando pois a minha motorista ainda tem medo de dirigir. Voltamos para o hotel e o que eu mais queria era tomar um banho, jantar e dormir pois o dia seguinte seria puxado.

Acordei no domingo depois de uma noite péssima de sono, eu estava muito agitado, ansioso e com muitas dores nas pernas. Tomamos o café da manhã e seguimos até Rio Negrinho para a etapa de resistência em estrada.


Assim que cheguei encontrei o meu amigo Ricardo (vulgo Cabeça), que conheço desde o tempo que eu trabalhava com produtos promocionais, isso faz uns 15 anos pelo menos. E agora nos reencontramos no mundo do ciclismo.


Fui assinar a súmula e comecei o aquecimento.


Eu estava mais tranquilo para essa etapa, afinal tenho um pouco mais de experiência em longas distâncias. O problema é que nunca fiz isso numa competição e depois de duas provas puxadas. Coloquei algumas barrinhas de cereal nos bolsos e enchi as duas garrafinhas com água e suplemento.


Encontrei o Lourival, atleta que fiz parceria na prova de circuito, e ficamos conversando um pouco sobre a expectativa dos 104 km que nos aguardavam (duas voltas de 52 km).





 
Chega de conversa porque agora o bicho vai pegar. Largamos e para variar tinha uma subida no começo. A minha luta era para ficar no pelotão o maior tempo possível. Começaram os ataques e o pelotão acelerava para buscar a fuga. Logo depois o ritmo caía um pouco, mas não dava tempo para respirar e mais um ataque, e assim foi acontecendo, um ataque após o outro enquanto enfrentávamos o sobe e desce da estrada. Não demorou para alguns começarem a ficar para trás, eu ainda resisti no pelotão até o 15° km, depois pedalei sozinho um bom trecho, fiz o retorno e encontrei o Lourival. Seguimos revezando novamente e conversando. Cogitamos em parar na primeira volta pois estávamos cansados e eu já estava sem água. Ele também achou o trecho com muitas subidas e talvez não resistiríamos a mais uma volta.


Quando fizemos o retorno, decidimos arriscar fazer a última volta no nosso ritmo. Infelizmente meu apoio não se tocou em trocar minhas garrafinhas e segui para os 52 km finais sem água mesmo.


Encostamos em mais um atleta e seguimos em três. Comecei a sentir fome e fraqueza, comi minhas barrinhas de cereais mas não foram suficientes. O Lourival me deu um CarbUp e meu organismo reagiu rápido ao incentivo. Agora um atleta encostou na gente e após o último retorno seguimos em um pelote com quatro ciclistas. Eles começaram a acelerar o ritmo e eu fiquei para trás. Fiquei fraco e debilitado. O carro da organização encostou e me deu água. Persisti muito, mas errei desde o começo. Subestimei a prova achando que seria fácil, pelo menos para completar. Mas as duas provas do dia anterior, o ritmo alucinante dessa prova e o despreparo quanto á alimentação e hidratação fizeram minhas forças se esgotarem. Eu até conseguiria terminar, mas é aquele negócio: senti que não valeria a pena. Então parei e coloquei minha bike no carro faltando 10 km para terminar a prova. Fiz a coisa certa no momento certo, sem heroísmo e não me arrependo dessa decisão. Me arrependo de não ter dado a devida atenção e ter me preparado para a prova. Mas é isso, aprendi mais uma lição e foi para isso que vim participar dessa competição, para aprender.


Assim foi mais um final de semana de pedaladas, amizades e aprendizados. Para a próxima vou estar mais preparado com certeza, mas o importante é pedalar. Muito obrigado a minha esposa que topou participar comigo dessas provas e me ajudou muito, ao Lourival pelas parcerias, ao Cabeça pelas fotos e momentos de descontração, parabéns a Federação Catarinense de Ciclismo pela organização e pelo apoio e agradeço a todos que eu conversei e trocamos algumas ideias durante a competição. Abraços e até a próxima.

Confira minhas pedaladas no Garmin:

  

Confira minhas pedaladas no Strava:





4 comentários:

  1. Parabéns Seco! Baita experiência hein, acredito que tenha sido diferente de outros eventos que tenha participado. Dale!

    FZ

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Foi mesmo Flavio, eu precisava disso, fui lá sem pretensão nenhuma, apenas queria concluir as etapas, mas não deu. Mesmo assim valeu, voltei com muita bagagem. Abraço.

      Excluir
  2. Coragem! Se tem uma palavra que define o que eu acabei de ler é: coragem. Uma experiencia incrível, sem dúvida. Minha admiração por toda a força de vontade e pela sua sábia decisão em reconhecer os limites.

    Parabéns!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado Marcelo, foi sim uma experiência incrível. Pra quem gosta da modalidade se sente em um verdadeiro tour. Recomendo a todos que gostam da modalidade sentir essa emoção. E o pessoal da FCC é muito organizado, passa segurança e motivação.

      Excluir