domingo, 24 de março de 2013

23/03/2013 - Rio do Sul - SC

Essa aventura foi muito debatida e aguardada por nós durante algumas semanas. Eu estava preocupado em fazer um pedal tão longo, pois não consegui terminar o pedal da Graciosa que tinha distância menor. Mas eu queria ir, queria enfrentar novamente o desafio. Então me preparei bem durante a semana com uma boa alimentação e exercícios. Na noite anterior da nossa saída, cheguei da faculdade ás 22:45 hs e terminei de preparar as coisas, fui dormir quase meia-noite e acordei ás 2:00 hs para fazer um bom café da manhã e verificar os últimos detalhes. Saí de casa ás 3:05 hs. Nosso ponto de encontro era no Vila Nova e a saída programada para ás 3:30 hs. Cheguei um pouco atrasado e enquanto nosso dia estava apenas começando, para alguns jovens o destino era voltar para casa depois de uma noite de balada.
Seguimos pela rodovia do arroz muito felizes, fazendo piadas e conversando sobre a aventura que viria.
Atravessamos o interior de Guaramirim e depois Jaraguá do Sul.
O nosso primeiro grande desafio era subir a serrinha de Pomerode, ainda estava escuro e é um trecho longo de subida forte. O Maneca atravessou a pista para pegar água das pedras que na minha opinião era de procedência duvidosa rssss.
A descida da serra compensou todo o esforço, chegamos em Pomerode e o dia estava amanhecendo.

No portal da cidade fizemos nossa primeira parada para um lanche era 6:30 hs. A serração estava baixa e era possível ver apenas o topo de algumas montanhas, um friozinho que incomodava um pouco deu uma sensação de manhã de inverno.


Logo arrumamos as coisas e continuamos nossa aventura. Alguns minutos depois que saímos um furo no meu pneu traseiro nos obrigou a fazer uma parada fora do cronograma. Consertei rápido, coloquei uma câmara nova e partimos. Na rotatória a placa já indicava o nosso destino.
Antes de chegar na BR-470 a gente pedala pelo interior de Blumenau, e logo depois chegamos em Indaial.
O sol já estava forte e a paisagem começava a se modificar.

Em Apiúna percebemos que o rio Itajaí-Açu estava com as águas barrentas e com o volume de água bem acima do normal. Do outro lado da pista a igreja matriz.

De Apiúna até Ibirama é rápido, agora vinha nosso segundo grande desafio, a serra de Ibirama, com o dobro de altitude da serra de Pomerode. Na ponte sobre o rio Itajaí-Açu aproveitamos para fazer mais fotos.

Ponte metálica sobre o encontro dos rios Itajaí do Norte com Itajaí-Açu.
O Maneca resolveu entrar no mato para uma foto em frente à entrada da cidade. E mais uma vez durante a subida da serra ele pegou água de procedência duvidosa.
Há 10 km do nosso objetivo principal, a corrente da bike do Cabelo tranca e tivemos que parar e tentar liberá-la, com um pouco de jeitinho pra cá e pra lá conseguimos consertar sem maiores problemas.
Esses últimos quilômetros pareciam que não eram superados nunca, a vontade de chegar fazia com que a distância não diminuísse. Mas quem pedala sempre alcança e chegamos em Rio do Sul ás 11: 55 hs com 182 km rodados.

Fomos até o posto Seola onde é feita a organização e largada do Desafio Márcio May, lá fizemos um lanche que na verdade era nosso almoço. Descansamos bastante e bebemos bastante, água, energético, refrigerante.
Depois fomos visitar os pontos turísticos da cidade, que na verdade a gente não conhecia e nem sabia se tinha. Afinal....porque viemos pra cá? É porque era um sonho antigo do Maneca e a gente não iria deixar ele fazer essa loucura sozinho. E também porque é a cidade onde acontece o Desafio Márcio May que a gente curte muito. Depois, fomos até a Catedral de São João Batista, lugar que a gente já conhecia.
Depois demos umas voltas pelas ruas principais e fomos até a antiga estação ferroviária que hoje funciona o museu histórico da cidade.

Foto: J. C. de Carvalho
Feitas as devidas fotos e registros da cidade, resolvemos nos despedir, sabemos que o caminho de volta tem mais descidas, isso não quer dizer que seja mais fácil. O cansaço acumulado e os imprevistos poderiam dificultar nosso retorno. Saímos de Rio do Sul e após poucos quilômetros de pedaladas já recebemos nosso primeiro "incentivo".
Como o caminho da volta é o mesmo, não tem muitas novidades para ficar detalhando, apenas alguns acontecimentos fora do cronograma. Também tive a oportunidade de registrar a nossa alegria e os abraços que o Maneca e o Cabelo vinham trocando durante o pedal.
Nesse dia haviam muitos motociclistas nas estradas, vinham de todos os lados, deveria ter algum encontro de motos em Ibirama, pois muitos deles se concentravam na entrada da cidade. A maioria nos cumprimentavam e davam buzinadas fazendo gestos de apoio. Infelizmente aconteceu um acidente próximo de Ascurra envolvendo três motociclistas minutos antes da gente passar, filas se formaram nos dois lados da rodovia.
Entre Indaial e Blumenau, percebi o pneu traseiro do Maneca vazio, por sorte estávamos perto de um posto de combustível e fizemos o reparo rapidinho. Aproveitamos também para comprar algumas coisas na loja de conveniência.
A gente ainda pretendia subir a serra de Pomerode com o auxílio da luz solar, mas quando chegamos na cidade a noite caiu rápido, depois do cansativo trecho de calçamento veio a subida. A gente já estava cansado e nesses momentos parece que falta alguma coisa para beber ou comer. Mesmo assim o foco foi mantido.
A descida da serra foi gratificante, 70 km/h só com a iluminação da bike a adrenalina sobe e parece que o corpo "acorda" novamente. Fizemos mais uma parada em um posto de combustível em Jaraguá do Sul. Nesses momentos o cansaço é tanto que a gente não pensa em outra coisa a não ser chegar em casa. Pouca conversa, poucas fotos. Na rodovia do arroz, a autonomia da minha lanterna já era. Fizemos uma parada rápida para repor as energias e chegando na ponte sobre o rio Piraí fizemos a foto de despedida. O Maneca e o Cabelo foram pela rua Morro do Ouro enquanto eu segui pela rodovia do arroz até o distrito industrial.
Foto: Manoel Acácio Behnke Júnior
Estava passando em frente a rua dos Portugueses quando recebo a ligação do meu pai perguntando se estava tudo bem e se eu precisava de resgate. Eu disse: "Só estou cansado, mas estou bem, logo estarei em casa". Mas confesso que deu vontade de dizer: "Vem me buscar rápido que eu tô quase chorando". Cheguei em casa ás 23:00 hs, com 370 km rodados. Meu corpo estava trêmulo e dolorido, eu estava com fome, mas não queria comer nada, estava com sede mas minha mochila chegou quase cheia de água. São reações do corpo que a gente não entende. Tomei um banho e fui dormir. Apesar dessa aventura ser mais longa que a da Graciosa, me desgastei menos, não senti tanto as dificuldades como havia sentido naquele dia, talvez eu tenha me preparado melhor depois do susto. Também resolvi registrar meu peso antes e depois da pedalada e para quem quiser emagrecer é um ótimo exercício.
Massa ás 3:00 hs da manhã

Massa depois de 20 horas pedalando
Muito obrigado pelo convite desses meus amigos loucos, Maneca e Cabelo. São pessoas que conheci a pouco tempo mas que a amizade vai além dos passeios de bike. Até a próxima loucura.
Leiam a mesma aventura contada por outro louco:
Cabelo - Diário de Ciclista.
Maneca - Natividade Aventuras Joinville

10 comentários:

  1. Pois é Jefo, na hora do bem ruim pensava e comentava que nunca mais iria fazer uma dessas... Mas agora que já tô descansado e de banho tomado, já estou tentando lembrar de outro sonho de infância para podermos viajar. Obrigado pela amizade e companhia. Essa foi muito Loka!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É bem assim mesmo, inclusive durante a volta cheguei a ouvir um de vocês dizer que iria vender a bike, não lembro quem foi. Mas garanto que depois de um banho e uma boa noite de sono isso já foi esquecido e já estão planejando a próxima. Valeu pelo convite. Sempre é bom um pedalzinho light. Abraço.

      Excluir
    2. Jefo, o Cassiba tem razão, se fosse entregar um troféu para um de nós, daria para você que consegue se superar à cada desafio. Parabéns para o Cabelo também que é nosso Puxador Oficial e para mim que não vomitei na estrada! Grande Abraço e até a próxima.

      Excluir
    3. Parabéns a todos, inclusive aos que ficaram torcendo de longe para que tudo desse certo.

      Excluir
  2. Jefo... na minha modesta opinião, vc é o cara!!!! Da ultima pra essa agora vc mostrou todo o seu potencial, superação, não se abalando e tocando em frente. Continue assim e até a próxima meu velho... abs Cassiba.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeu pela força Cassiba, mas pra mim você é o cara, quando vi você martelando os pedais naquele passeio para Madre Paulina percebi que iria ter trabalho para acompanhar vocês. Você faz falta nas trips lokas porque sei que você é louco também, mas entendo e respeito a sua decisão. Esperamos por você em alguma aventura dessas. Abraço.

      Excluir
  3. Grande aventura, só de ler o relato da pra sentir como foi hard este desafio. Parabéns por mais este pedalzinho light :)

    Abraço

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Valeu Marcelo, realmente foi um pouco de loucura, na volta o estado físico e psicológico da gente estava muito abalado, mesmo assim conseguimos completar a aventura. Abraço.

      Excluir
  4. Estava novemente olhando e lembrando desse passeio. Acho que não vou esquecer nunca na minha vida desse dia. Espero acompanhar você e o Cabelo em outros mais longe ainda! abraço.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu já li e reli várias vezes nossos posts. Realmente foi um passeio incrível, ainda hoje estava comentando com o Carlão (foi campeão da categoria na Volta de SC e hoje é mecânico da minha bike), ele mesmo achou loucura. Estou preparando um "passeiozinho" para nós, mas é época de provas e trabalhos na facul então está demorando um pouco. Abraço.

      Excluir