quinta-feira, 14 de novembro de 2013

14/11/2013 - 1º Dia Expedição Serra & Mar - de Joinville á Rio Rufino

Estava tudo pronto para começar essa viajem, mas um e-mail do Cabelo no dia anterior á expedição fez as coisas serem mais desafiadoras para eu e o Maneca. No e-mail ele dizia que não poderia ir no primeiro dia, que talvez fosse só no apoio etc. Eu e o Maneca resolvemos manter o cronograma e na quinta-feira ás 4:00 hs da matina nos encontramos na Expoville.




Depois de muitas fotos pedalamos em direção ao bairro Vila Nova. Na rodovia do arroz pedalamos em direção a Guaramirim. Uma coisa que fiquei sabendo dias antes da viajem foi a nova nomenclatura das rodovias estaduais. Por exemplo: a rodovia do arroz não é mais a SC-413, segundo o Deinfra agora é SC-108, isso me causou um pouco de preocupação e levei um mapa rodoviário com as novas nomenclaturas.


Os alforges ficaram muito carregados e pesados. A gente não sabia mais se iríamos ter o apoio ou não, o jeito era se conformar com a situação de cicloturistas.


O pedal fluía bem, sem vento, temperatura amena e pouco trânsito. O céu limpo demonstrava que o dia seria de sol. Em Massaranduba paramos para um lanche rápido, cortesia do nosso patrocinador.


A serrinha de Massaranduba foi muito tranquila e partimos em direção á Blumenau.



Passamos do acesso a BR-470 e acabamos entrando no acesso oeste, mas deu tudo certo. Na BR-470 tivemos o primeiro susto: em um trecho de "pista adicional" sem acostamento, ouvimos um caminhão buzinando, a gente não tinha para onde ir, só pro mato, não olhamos para trás só continuamos nosso pedal em cima da faixa branca. O caminhão passou há alguns milímetros da gente, o Maneca acha que alguma coisa do caminhão pegou nele, foi a maior fina que já levei nessa vida de ciclista.




O pedal continuava fluindo bem. No asfalto plano, depois que a bike embala a gente até esquece que tem mais 30 kg na garupa. Mas o ritmo foi quebrado por causa de um arame que entrou no pneu dianteiro do Maneca e procuramos uma sombra para fazer a troca da câmara.




O cronograma estava atrasando cada vez mais, já era uma hora e meia de atraso. Em Ascurra atravessamos o rio Itajaí-Açu e ás 11:00 hs chegamos em Apiúna.



O Almoço era para ser em Rio do Sul, mas a gente estava muito atrasado, então resolvemos parar em uma lanchonete na beira da estrada e fazer o nosso almoço ali mesmo. Na verdade não foi um almoço, a ansiedade de chegar logo no destino perturbava a minha mente e o Maneca também não estava com tanta fome assim, comemos pão com bolinho.


Renovamos o protetor solar e enfrentamos o forte calor ao chegar em Ibirama.




Aconteceu o que a gente temia: enfrentar a serrinha de Ibirama com o sol á pino. Nessa hora eu já estava sem água e eu não queria nem saber da onde vinha a água que escorria pelas pedras. Enchi uma garrafinha que foi pra cabeça e depois outra para beber.



No topo da serrinha fizemos mais uma parada para um descanso.



No posto da polícia rodoviária fomos parados por uma repórter e demos entrevista para o Alto Vale Notícias, um jornal online da região. Antes de chegar em Rio do Sul fizemos mais uma parada para tomar um isotônico. O calor estava de matar e sentimos o peso das tralhas para subir os morros.


Com duas horas e meia de atraso chegamos em Rio do Sul, fizemos uma foto na entrada da cidade e depois nem descemos das bikes, só atravessamos a cidade e seguimos em direção á Aurora.





Na SC-350 (antiga SC-302) o ritmo do pedal era bom, parecia que a gente iria recuperar o tempo perdido, a velocidade não baixava de 25 km/h e a temperatura era de 32°C.


A tocada continuou boa e em 30 minutos a gente já estava chegando em Ituporanga. O Maneca tentava contato com o Cabelo sem sucesso.


Paramos em um mercadinho para fazer um lanche e descansar mais um pouco. Na verdade a gente estava exausto, ainda mais depois de ouvir comentários do vendedor dizendo que a estrada que a gente iria pegar era longa e péssima e que iríamos amanhecer naquela estrada. Não foi nada animador.



Nosso próximo destino era Petrolândia, comecei a fazer alguns cálculos no GPS para tentar animar o Maneca e dizia pra ele que em quatro horas a gente estava no hotel. Eu sabia que a gente ainda tinha um trecho de estrada de chão para enfrentar.



Passamos por longos trechos com plantações de milho e cebola e ás 17:30 hs chegamos em Petrolândia com o sol fritando nossas cabeças.



A cidade é bem pequena e assim que atravessamos chegamos na bifurcação da estrada de chão, agora falta atravessar a Serra Grande e chegar na BR-282. Eu fiz o cálculo assim: 28 km, a gente faz média de 15 km/h em duas horas a gente está no asfalto, kkkkkkk, desculpem mas tenho que rir da minha ignorância.



Antes de começar o martírio, pedimos informações para um casal que estava próximo da estrada. Eles nos chamaram de loucos e que a gente só iria chegar em Rio Rufino no outro dia, pois ainda tinham 42 quilômetros. Ah eu já fiquei cabreiro, quase falei: como assim? Acho que o velocímetro do teu carro tá quebrado. Fizemos um lanche antes de partir.


No começo até estava legal, mudar um pouco os ares, pedalar na sombra das árvores, conhecer lugares novos, sair do asfalto e tal. Mas isso durou pouco.


A estrada era ruim mesmo, muitos buracos e aquelas costelinhas, além do movimento intenso de caminhões. Até o rio Perimbó o pedal estava mais tranquilo, depois começaram as subidas e as lamentações.



A cada curva a esperança de ver uma descida virava frustração ao ver mais subida. Na insistência de subir pedalando a bike escorregava no areião e empinava devido ao peso dos alforges. Olhando para trás era possível ver a linda paisagem lá embaixo.



Quase no alto da serra o Maneca ficou sem água, a solução foi pegar de umas pedras que respingavam água para todos os lados.


No topo da serra o sol ainda estava presente, por pouco tempo.


A gente até pensou que iriam começar as descidas, mas isso não nos pertencia mais. Começou um sobe e desce chato nessa estrada de chão. Devido aos pneus slicks e aos alforges não dava para acelerar muito na descida. Chegamos em uma bifurcação, a placa indicava a direção correta para o nosso destino, mas ela também demonstrava que a vizinhança não era muito hospitaleira pelos vários furos de tiros.



O sol se pôs e nada da BR-282, o Maneca xingava muito: "essa estrada maldita, eu odeio essa estrada, caminho do inferno, eu pego o Cabelo que não veio com a gente", e muitas outras coisas.


A temperatura começou a cair e a noite também, ficamos nessa estrada somente com a luz das bikes e da lua que nos iluminava. Da mata fechada ouvíamos os barulhos da natureza: corujas, cachorros, cavalos, vacas e ouriços quebravam o silêncio da noite. O Maneca disse ter ouvido gemidos de "bichos que comem gente", não fiquei para conferir.


Comecei a ficar com medo. A gente estava muito cansado, praticamente exausto. Como em tantas reuniões e estudos de trajetos eu não havia percebido tamanha dificuldade? Estava decepcionado comigo mesmo, me senti impotente, imprudente, irresponsável e arrependido de ter colocado meu amigo em uma enrascada dessas. Ás vezes passavam alguns carros por nós. Alguns pensamentos malditos passaram pela minha mente: "E se roubassem as bikes? E se um de nós se machucasse, caísse?" Foram os piores momentos dessa viajem. Por duas vezes cogitei com o Maneca de usarmos nosso dinheiro de emergência para chamar resgate, mas o silêncio dele queria dizer não. Quando avistamos a BR-282 um sentimento de alívio tomou conta de mim. Estamos perto. O Maneca conseguiu contato com o Cabelo e ele estava vindo ao nosso encontro de carro. Falamos para ele arranjar outro caminho, para não vim por aqui. Na BR-282 apesar do cansaço o pedal fluiu bem, pois pegamos quase todo o trecho de descida até a entrada de Rio Rufino.


Da entrada de Rio Rufino até a cidade eram mais 16 km, agora começou o sobe e desce de novo. Pelo menos no asfalto, mas eu não aguentava mais, estava muito cansado, desidratado e com a pressão muito baixa. Por várias vezes achei que ia cair da bike. Pensei em dormir por uns 15 minutos ali na beira da estrada, mas a gente estava tão perto e se eu dormisse uma horas dessas só acordaria no outro dia.


Depois de uma descida era possível ver a cidade, o hotel ficava em frente a uma praça. Ás 22:35 hs toquei a campainha e mal conseguia falar. Não estavam nos esperando pois o carinha que fez a reserva para mim esqueceu de passar a reserva para os proprietários, por sorte todos os quartos estavam vagos.


Enquanto o Maneca foi fazer um lanche no restaurante que ainda estava aberto eu fui tomar um banho bem demorado. Afastei o tapete e deitei embaixo do chuveiro. Fiquei pensando como a gente iria se virar no outro dia. A gente não tinha certeza se o Cabelo vinha ou não, então pensei em falar com o Maneca e pegar uma carona até a Serra do Rio do Rastro ou a gente iria direto pra minha tia em São Ludgero ou ia voltar pra casa. Pois eu tinha quase certeza que não iria conseguir pedalar no outro dia.


O Maneca chegou no quarto e foi tomar um banho, eu joguei tudo no chão e me enfiei embaixo das cobertas afinal fazia 15º C. No café da manhã a gente iria decidir o que iria fazer.

Resumo do dia:

Distância: 270,53 km
Tempo: 18:34:22 hs
Velocidade média: 14,6 km/h
Velocidade máxima: 64,3 km/h
Altitude máxima: 961 m
Altimetria acumulada: 4620 m
Temperatura mínima: 14,7° C
Temperatura máxima: 34,0° C

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

13/11/2013 - Expedição Serra & Mar - Introdução

Eu queria ter escrito esse texto antes de começar a expedição, mas os últimos dias que antecederam essa viajem foram muito corridos. Alguns imprevistos, mudança de trajeto, hotel e etc acabaram atrasando um pouco as coisas. A expedição começou, terminou e eu não consegui fazer uma introdução sobre essa expedição, então vou fazer isso agora.


Idealizei essa viajem porque tenho vários tios e primos no sul do estado de Santa Catarina, em uma cidade chamada São Ludgero. Meus pais são naturais de lá e foi um lugar onde sempre passei as férias de aula. Quando voltei a pedalar imaginava um dia poder chegar lá de bicicleta, afinal não é algo impossível pois são 365 km de distância. Outra coisa que eu tinha muita vontade de fazer era descer a Serra do Rio do Rastro que fica a 45 km de São Ludgero. Então porque não unir as duas coisas em um mesmo desafio?

Em fevereiro desse ano comecei a traçar rotas e cidades para fazer uma volta, afinal ir e voltar pelo mesmo caminho não é do meu feitio. Depois fui vendo as possibilidades de dias necessários, quilometragem por dia e etc. Então fiz o levantamento de custos dessa viajem. Isso foi o que mais pegou. Pois é uma viajem cara, hotel, alimentação e manutenção da bike consomem muito dinheiro. Inicialmente eu não estava prevendo um carro de apoio, mas foi necessário também.

Para eu não embarcar sozinho nessa aventura, convidei mais três amigos que eu sabia que davam conta do recado e que iriam me ajudar a finalizar os detalhes dessa loucura: Manoel, Deivi e Cassiano. O Cassiano tirou o time de campo logo no início, como ele mesmo diz: "Cada um com suas prioridades". Restou nós três para assar essa batata. Fizemos oito reuniões para tirar dúvidas, acertar o trajeto, custos e patrocinadores. Fizemos o esboço de uma camisa para usar durante o evento, distribuição de patrocínios, custo de cada espaço. Eu já tinha um nome em mente: Expedição Serra & Mar, pois iriamos subir a serra e retornar pelo litoral. Mas precisava de um outro nome, alguma coisa de identifica-se nós três. Como cada um escreve um blog, e foi o meio que nos conhecemos inicialmente, o Cabelo deu a sugestão que ficou: Desafio dos Blogueiros.

Desenvolvemos uma apresentação do projeto: objetivos, propósitos e divulgação das marcas. Colocamos embaixo do braço e fomos bater de porta em porta nas empresas da região. Levamos muitos "não", mas isso não nos desanimou, afinal sempre tem alguém que valoriza o que fazemos. Abaixo seguem as empresas que resolveram nos patrocinar:

Bike & Adventure
Apiários Sol do Oriente
Physical Woman
Clube Esportivo Kavo
Mantac
Inplavel
Meditec
Horti Fruti João Colin
Bitentec
Banana Brasil
Mi Usinagem
Lycri Malhas
O2 Bike Fit
Família Behnke

Agora que temos condições financeiras para ir, acertamos o trajeto que ficou definido assim:

14/11/2013 - 1º dia - de Joinville á Rio Rufino - 270 km
15/11/2013 - 2º dia - de Rio Rufino á São Ludgero - 204 km
16/11/2013 - 3º dia - de São Ludgero á Tijucas - 209 km
17/11/2013 - 4º dia - de Tijucas a Joinville - 125 km


Eu pretendia ir postando essa aventura todos os dias, quanto a gente chegava no hotel. Mas não consegui um netbook e quando a gente chegava no hotel já chegava morto. Além do mais, a maioria dos lugares que passamos nos dois primeiros dias não tinha sinal de celular, então durante os próximos dias vou fazer postagens de como foi essa aventura dia-a-dia, pois são muitos detalhes e muitas fotos.

sábado, 9 de novembro de 2013

09/11/2013 - Ciclismo do Trabalhador SESI

Depois de muita expectativa o SESI conseguiu realizar esse evento. É a segunda vez que participo. O local escolhido foi o Perini Business Park. Cheguei no local do evento e pude presenciar a largada da categoria industriário. Vi que o Cassiba estava no meio do pelotão pedalando a sua speed. Porém não conseguiu completar nem uma volta e ao passar pelos obstáculos (tartarugas) o pneu furou. No ano passado a organização tinha feito uma espécie de rampa para os competidores não passarem entre os obstáculos. Assim que terminou essa categoria fui encontrando o pessoal. Alguns muito conhecidos, outros eu tenho contato apenas através das redes sociais e tive a oportunidade de conhecer pessoalmente.



O dia estava quente, muito propício para uma pedalada. O Cassiba aproveitou para trocar a câmara e se inscreveu na categoria open.



Eu ia tentar fazer uma parceria com o Cassiba, já que ele estava com uma speed e eu ia tentar colar nele com minha mtb. A largada foi forte e o Cassiba começou a passar muitos competidores e eu ia na roda dele. Mas após a primeira curva ele já foi encostando por causa de um pneu furado, hoje não era o dia dele. Então o primeiro pelotão disparou e eu não consegui acompanhar, durante toda a corrida fiquei puxando o segundo pelotão e mesmo diminuindo muito a velocidade, ninguém me passava para puxar um pouco. Na última volta eu ainda tinha uma reserva de energia e agora não queria que ninguém puxasse o pelotão, eu queria manter a dianteira. Fiz a última curva fechada para ninguém me ultrapassar por dentro e fiz uma retomada muito forte, pois a linha de chegada estava muito próxima e dificultava fazer alguma estratégia para o sprint favorecendo quem saía primeiro da curva. Por isso as posições foram definidas antes da última curva. Apesar de todo esforço fiquei com o 5º lugar na categoria open mtb, esse ano tinha mais competidores do que no ano passado.


Fiquei surpreso com a quantidade de pessoas que vieram me perguntar sobre a Expedição Serra & Mar. Não sabia que essa aventura estava sendo tão comentada entre os ciclistas. Quero agradecer a todos que me desejaram boa sorte e força nessa expedição. Foram muitas pessoas, não vou citar nomes porque provavelmente não vou lembrar o nome de todos, mas tenho na lembrança a face e o apoio de cada um de vocês. Muito obrigado.