domingo, 19 de outubro de 2014

16 a 19/10/2014 - Audax 1000 Km - Florianópolis - SC

Um randonneur está sempre em busca de um desafio maior. Não bastou o título de Super Randonneur que conquistei no mês passado, eu queria ser Randonneur 1000. Estava com receio de enfrentar tanta quilometragem pois devido a lesão que adquiri no Audax 600K fiquei duas semanas fazendo tratamento. Então foram poucas pedaladas de treino. Novamente o Maneca foi me buscar no meu apartamento. Dessa vez ele estaria pedalando comigo e passamos a responsabilidade de apoio para a Talita.



Muitas bolsas com roupas, alimentação, equipamentos e peças ocuparam todo o porta malas do Sapo Preto.


O trânsito estava intenso e na APLS (Auto Pista Litoral Sul) de Itapema encontramos a Talita. Fizemos uma pausa para o café e seguimos para Florianópolis.


Em Florianópolis fomos direto para a loja Della Bikes pegar nossos kits. Lá encontramos o Hamilton, que veio do Rio Grande do Sul, e nos apresentou o Alaor também de lá. Logo depois conhecemos o Rafles e o Paulinho de São Paulo. A turma foi aumentando e um apresentava o outro e assim conhecemos mais um paulista, o Rodolfo. Seguimos rumo ao Hotel Mercure para o congresso técnico da prova.



Depois de ouvir as orientações e tirar todas as dúvidas é hora de descansar pois os próximos dias serão puxados. Eu e o Maneca nos despedimos temporariamente da nossa equipe e fomos nos acomodar na casa do Claudinho e da Marlene. Claro que fomos recebidos muito bem como sempre e nossas caminhas já estavam prontas assim como a panelada de cachorro quente.


Depois de jantar trocamos algumas mensagens com familiares e amigos e fomos dormir. Antes apreciamos o visual privilegiado do Morro da Cruz.



16/10/2014:
A noite de sono foi boa, mas é hora de preparar as coisas para a grande pedalada. O Maneca já queria sair pedalando dali mesmo. Saiu tão preparado que até o capacete ele fez questão de vestir antes de sair de casa, chamando a atenção de outros motoristas.


Chegamos no Della Bikes com bastante antecedência e tempo de sobra para montar os apetrechos na bike, preparar a suplementação e conferir os últimos detalhes. A equipe foi chegando e combinamos de tentar seguir em um pelotão com sete ciclistas e no decorrer do desafio a gente ia adequando a situação.








São 8:00 hs, é hora da largada, o nervosismo passou e a ansiedade também, agora não tem mais volta.



Saímos pela ciclovia da Beira Mar Norte meio desorganizados, mas sempre perto uns dos outros. Esse trecho inicial da ciclovia é delicado além de ser estreito tem que tomar cuidado com outros ciclistas que estão usando a via.


Outro trecho que não gosto é esse de passar por São José. Requer muito cuidado pelo trânsito intenso e há vários semáforos no caminho. Nesse momento perdi contato com o restante da equipe. Continuei meu pedal e subi a serrinha com outros grupos e muitas vezes sozinho até São Pedro de Alcântara pela SC-281.




Entrei em outra rodovia que dava acesso a Santo Amaro da Imperatriz, essa região é muito bonita e ainda cercada por muita área verde.






Com aproximadamente 65 km chegamos ás 10:30 hs no PC1, Padaria do Anésio que estava pedalando com a gente. Ali reencontrei a equipe, nos alimentamos e reagrupamos para continuar o desafio.





Na saída desse PC um grande pelotão se formou e a pedalada seguiu forte. Chegamos na BR-101 e uma chuva fina nos aguardava. Consegui acompanhar o pelotão durante um bom pedaço, mas o vento contra estava demais e nos trechos de descida eu não conseguia acompanhar o ritmo das speeds. Aos poucos fui ficando para trás, sem perder o contato visual do pelotão. O Maneca se desgarrou do pelotão para me acompanhar e enfrentamos a chuva e o vento contra até Tijucas, onde paramos para almoçar.



Antes de sair entramos em contato com o restante da equipe. Eles estavam almoçando perto dali e iriam nos esperar.



Chegamos no restaurante onde eles estavam e enquanto a gente esperava todos estarem prontos o Maneca aproveitou para fazer poses para os caminhoneiros.




Seguimos viagem, momentos depois ficamos sabendo que o Paulinho teve problemas no câmbio e estava tentando resolver. Então ficou eu, Maneca, Hamilton, Alaor, Rodolfo e Rafles. Para tentarem me colocar no ritmo o Hamilton convocou cada um do pelotão para fazer revezamento no vácuo, ele informou todos exceto eu rssss. Enquanto os quatro revezavam a ponta o Maneca me empurrava. Estava dando certo, assim eu conseguia acompanhar eles sem prejudicar o rendimento do pelotão. Não é atoa que chamamos ele de capitão. Nosso próximo objetivo era entrar na cidade de Itajaí e atravessar para Navegantes através da balsa.


















Em Navegantes fizemos uma parada rápida para comprar água. Pedalamos até o final da avenida e depois pela beira mar até a cidade de Penha, onde teríamos que fazer mais uma parada para controle.





A Talita, ainda sozinha no apoio, já deixava as garrafas cheias de água e as bolsas a prontidão. Ali demoramos um pouco e assim que decidimos sair começou a chover forte.




Passamos por Balneário Piçarras e Barra Velha, aqui é caminho da roça para eu e o Maneca. A noite se juntou com a chuva e assim seguiríamos até o próximo PC no posto Rudnick em Joinville. Mas um infeliz acontecimento atrasou nosso objetivo. No último viaduto antes da BR-280, um caminhão invadiu o acostamento e bateu no Hamilton, ele e o Rafles acabaram caindo. Foi um momento de pânico. O caminhoneiro não parou. Um carro que vinha mais atrás parou para prestar ajuda. Eu liguei para o 190, 193, 166 da ANTT e para a APLS mas ninguém atendia esse bendito telefone. Ligamos para a Talita mas o telefone estava ocupado. Enquanto isso o Hamilton estava deitado no chão. Quando a Talita retornou a ligação o Hamilton começou a se levantar, colocou a bike de pé e arriscou dar umas pedaladas, ele queria continuar, mas estava todo ralado. Ele pedalou até na curva do arroz, ali ele percebeu que não dava mais. Precisava limpar os ferimentos e fazer os curativos. A Talita chegou e colocamos a bike dele no carro. Perdemos um integrante no pelotão, mas ganhamos um super reforço no apoio. Por sorte nada de grave aconteceu.


Esperando atendimento no hospital.
Tudo ok.
Seguimos nosso pedal como antes, agora o silêncio tomou conta do grupo. O ritmo ainda era forte para tentar recuperar o tempo perdido. Passando pela entrada da rua Benjamin Constant em Joinville um objeto assustou nossa equipe, eu era o quarto integrante do pelote. Gritos, berros, um puxou para a direita, outro para a esquerda, quando fui entender o que estava acontecendo bati com a roda bem no meio de um recape de pneu de caminhão, fui para o chão bem em frente ao Posto Ipê. Numa manobra ninja (rssss) rolei para o acostamento para evitar um acidente pior. Fiquei ali deitado por alguns segundos e levantei. Avaliei os ralados e a situação da bike. Nesse momento comecei a pensar se o que eu estava fazendo valeria a pena. Será que é necessário eu colocar a vida em risco dessa maneira? Para provar o que? Pra quem? São perguntas que surgem nas situações mais difíceis de um desafio. Perdi algumas pilhas que eu carregava nos bolsos para o GPS e para as lanternas. Fora isso estava tudo certo. Mesmo sem as respostas para as minhas perguntas continuei. Agora decidimos adotar cautela. Chegamos no Posto Rudnick PC4. Lá as energias foram renovadas com a visita dos amigos Gilson Kassulke e Cassiano.


Eu estava tão abatido com os últimos acontecimentos que até esqueci de tirar fotos com esses dois, mas o Maneca registrou uma com o Cassiano.


Juntamos o pelote novamente e até Itapoá era uma boa pernada. A chuva esteve presente em boa parte do caminho. Chegamos em Garuva e entramos na SC-416 que dá acesso ao Porto de Itapoá. Meu rendimento caiu um pouco e seguimos mais devagar. Entramos no acesso à praia mas antes de seguir para o hotel era necessário ir até o final da avenida em sentido contrário e retornar. Foi o que fizemos.


O retorno foi matante, sob chuva a gente não via a hora de chegar no hotel e tomar um banho quente. Com muito sofrimento chegamos no hotel Rainha, PC5, ás 1:40 hs da madrugada com 340 km pedalados.


Ficamos todos no mesmo quarto, o Maneca foi o primeiro a entrar para o banho mas estava reclamando que a água estava fria. Fui até o corredor e achei o quadro de disjuntores, nada como armar o disjuntor para a água ficar quente novamente. Enquanto a gente mandava fotos e informações para os amigos, os mesmos se divertiam com a nossa situação e devolviam as fotos com muito humor.








Depois que todos tomaram banho fomos nos deitar. O Hamilton também chegou todo enfaixado para nos fazer companhia, por sorte tinha um lugar do lado do Rafles na cama de casal.


17/10/2014:
A noite de sono foi boa mais foi pouco, dormimos cerca de uma hora e meia e já começamos a nos arrumar para tomar café e não demorar muito na saída.



Nossa equipe de apoio era top, enquanto a gente tomava café eles passaram uma água na bike, lubrificaram as correntes e calibraram os pneus. Saímos para no nosso próximo destino: Morretes - PR.



Aos poucos o sol foi surgindo e o dia foi esquentando. Chegamos em Guaratuba e atravessamos a balsa até Caiobá e passamos por Matinhos.



O clima continuou esquentando, eu fiquei um pouco para trás e o Maneca me acompanhou. Passando em frente a uma panificadora o pessoal nos chamou para se refrescar um pouco e fugir do calor. Comecei a sentir uma queimação forte entre as pernas, fui verificar e eram assaduras. Não adiantou passar creme a cada parada, com as chuvas, suor e o calor de hoje não teve creme que resolvesse. O jeito foi tentar aliviar a dor com mais creme e umas "almofadinhas" hehehe.


Mas a gente não tinha muito tempo e com muito sacrifício chegamos na BR-277. Seguimos sentido Curitiba. Para qualquer lado que a gente pedalasse o vento estava contra, não tinha como fugir.







Eu liguei o "modo sobrevivência" e fui girando devagar até chegar no PC6 ás 12:00 hs na Frutaria Roda d'Água com 440 km.




Por alguns minutos tivemos um momento de descontração que deu até vontade de fazer algumas palhaçadas.

Foto: TrilhasBR
Foto: TrilhasBR

Depois do "almoço" é hora de encarar o caminho de volta. Mas antes deitei mais um pouquinho enquanto o Maneca terminava de se arrumar.




Eu e o Maneca saímos um pouco antes, visto que meu ritmo estava mais lento que os demais. Pensamos que agora o vento estaria a favor, mas é como eu disse, aqui o vento sempre é contra independente da direção que se está pedalando.


Pedalamos todo o trecho da BR-277 com um vento contra infernal e depois na entrada do acesso ao litoral do Paraná, sentamos e descansamos um pouco.




Aqui conseguimos reagrupar de novo o nosso pelotão e fizemos uma parada para reabastecer em um posto de combustível.



Eu e o Maneca saímos na frente de novo, agora aceleramos um pouco pois recebemos mensagem que a defesa civil estava dando alerta de tempestade para a região. Na serra já era possível ver nuvens mais escuras e alguns raios. Poucos quilômetros para chegar na balsa a tempestade chegou, chuva grossa e raios tomaram conta do céu. Enquanto eu esperava o restante da turma o Maneca foi procurar um corta vento de emergência.




Ele conseguiu um saco de lixo que colocou por baixo do uniforme e assim conseguiu manter o corpo aquecido durante a chuva fria. Pedalamos todo o trecho de Guaratuba e Garuva sob chuva. Chegamos no início da SC-417 em Garuva, PC7 550 km pedalados até aqui. Nessa parada aproveitamos para colocar roupas secas e caprichamos na janta.

Um banho ia bem agora.
Outra boa surpresa que tivemos foi a presença dos nossos amigos Flávio e Fabiano, que enquanto a gente jantava eles deram um trato nas bikes com direito a água e lubrificante na corrente.





Não tenho certeza, mas acho que nessa saída o Evandro se juntou ao nosso grupo e pedalou com a gente até o próximo destino, no Posto Brüderthal em Guaramirim. Durante o caminho comecei a passar mal. Senti náuseas e desconforto no estômago. Em Joinville passei em frente ao meu apartamento no bairro Vila Nova. Deu vontade de parar e ficar por ali mesmo rssss. Mas eu podia continuar mais um pouco. Seguimos pela rodovia do arroz até o posto. Aqui era o PC8 e novamente nossa equipe estava mais completa ainda, além do Flávio, Fabiano e Hamilton, a Talita chegou com o Cabelo para dar aquela força extra. Eram 00:40 hs e mais de 600 km para a conta.







Infelizmente eu não estava nada bem, tomei um café para esquentar mas não parou muito tempo no estômago. Tentei comer alguma coisa mas voltou também. Suplemento? Também não, meu organismo pôs pra fora. O jeito foi continuar assim e tentar chegar em Balneário Camboriú.




Novamente eu e o Maneca saímos antes, o Alaor nos acompanhou. O Rafles ficou aguardando no posto enquanto o Rodolfo tirava um cochilo. Tivemos notícias do Paulinho que estava vindo apesar de estar uns 80 km longe de nós. Mal saímos do posto e senti o pneu traseiro vazio. Fiz a troca e a câmara reserva que eu tinha estava furada. Troquei novamente, agora deu certo.


Chegamos na BR-280 e seguimos em direção a BR-101. Meu pedal não rendia nada. O mal estar e o cansaço me deixaram muito fraco. Com muito sacrifício me rastejei até a APLS de Barra Velha onde tive que sair correndo para o banheiro vomitar não sei o quê pois eu já estava com o estômago vazio há horas. Eu disse para o pessoal continuar que eu iria mais tarde. Eles queriam ficar, principalmente o Maneca que não queria me largar ali. Então tive que tomar uma decisão muito difícil para mim. Assumir a minha desistência desse desafio. Pronto, agora estavam todos livres, não adiantaria de nada alguém ficar ali, eu só iria esperar o apoio voltar de Balneário Camboriú e me levar para casa, ou eu poderia ligar para o meu pai ir me buscar. Eu iria decidir isso depois de descansar um pouco. Chovia e trovejava forte. Eu estava abrigado e aquecido mas sabia que o restante da minha equipe estava na chuva. Durante a madrugada eu acordava e queria ir até a bike pegar o número de telefone da organização que estava na placa, para informar a minha desistência, mas com a chuva que estava caindo eu ia adiando essa ação. Mesmo assim eu estava decidido a não voltar mais para a prova. As mesmas perguntas da primeira noite começaram a martelar a minha mente, pensava na minha família e também pensava como eu contaria isso para vocês nesse espaço. Sim, eu já estava fazendo o relato da desistência.

18/10/2014:
Consegui dormir umas três horas. Acordei com um grupo de ciclistas que pararam ali para tomar um café.


Um deles falou que eu estava "amarelo" e me ofereceu um Estomazil e um Epocler. Tomei os remédios e mandei mensagem para o Cabelo ir me levar para casa. Ele me respondeu dizendo que era para eu encontrar eles em Balneário Camboriú. Mas que maldito, pensei. Comecei a me sentir um pouco melhor, arrumei as minhas coisas e fui colocar o capacete quando vi que tinha um bilhete dentro.



Então dei mais uma chance para mim e ás 7:00 hs saí em direção a Balneário Camboriú sob uma chuva grossa. As assaduras viraram problema secundário.


Eu estava sentindo muita fome, mas não queria nada que fosse de mastigar. Eu desejava uma sopinha quente, seria o ideal. Mas espera ai, o cardápio do hotel teria buffet de sopas. Isso me empolgou mais ainda.


Em Itajaí parei num posto de combustível para tomar um suco, foi o que eu consegui ingerir depois de horas sem comer. Isso deu mais um pouco de forças para eu chegar no Hotel Estrela do Atlântico em Balneário Camboriú ás 10:35 hs se não me engano com 700 km de pedal. Cheguei lá e a Talita já preparou uma pratada de sopa que estava quentinha, bem do jeito que eu imaginava. Conheci também mais uma integrante dessa grande equipe, a Rafaela que veio do Rio Grande do Sul acompanhar as aventuras do Hamilton e claro ajudar no apoio.




A equipe já tinha dormido e estava se preparando para sair. Eu fui tomar um banho e ainda consegui dormir por mais uma hora. Quando acordei o pessoal já tinha saído e o Paulinho estava dormindo no sofá do hotel. Saí no meu pedal solo novamente rumo a Itajaí, entrei na SC-412 rumo a Gaspar. Esse é um trecho muito chato, passei pela cidade de Ilhota e pela polícia rodoviária. Peguei meu comprovante no PC10 no Posto Padilha em Gaspar e segui rumo a Brusque. No acesso a cidade me perdi com os mapas fornecidos, já que meu GPS não estava navegando o arquivo que a organização disponibilizou. Saí uns 4 km antes na rodovia e tive que retornar até o Posto Havan onde ficava o PC11. Nessa parada eu demorei um pouco mais. Era 17:45 hs quando o Paulinho também chegou da sua corrida de recuperação, aguardei ele se alimentar e seguimos agora junto em uma dupla corrida de recuperação.




Fomos conversando bastante e nos conhecendo, assim que a gente já estava familiarizado resolvemos acelerar um pouco mais nesse trecho chato da SC-486 até Itajaí. Antes de chegar em Itajaí enfrentamos uma grande nuvem de insetos. Não sei o que eram: mosquitos, pernilongos, sei lá. A questão é que era tanto bicho que os braços ficaram pretos em poucos segundos. Conversar era impossível. Era bicho entrando no olho, no ouvido e correndo pelas nossas cabeças. Nunca vi algo do tipo.



Na BR-101 procuramos um lugar para jantar, mas antes era importante chegar no Posto Tigrão em Balneário Camboriú para pegar um cupom fiscal antes das 20:30 hs. Faltando 1 km para chegar no posto fura o pneu do Paulinho. Ele fez a troca e verificou bem se não tinha arame agarrado na fita. Não perdeu muito tempo e meteu um CO2. Enquanto nossa equipe já estava de saída, nós estávamos chegando no PC12, Posto Tigrão ás 20:15 hs com 810 km de pedaladas.




Subimos o Morro do Boi e fomos informados que em Itapema teria um restaurante para a gente jantar. Chegamos lá e o restaurante estava fechado. Paramos então em um posto de combustível para comer um salgado, mas essas coisas não desciam mais. Tomamos uns suplementos e nosso objetivo era chegar no Posto Marquinhos até a meia noite para dormir alguns minutos antes do fechamento do PC. O Paulinho imprimiu um ritmo forte e eu ia na roda dele. Nesse momento não tinha vento e pedalamos a maioria do trecho próximo dos 30 km/h. Chegamos no PC13, Posto Marquinhos ás 23:45 hs com 890 km rodados. Lá reencontramos nossa equipe descansando, ou tentando.





Eu e o Paulinho mantemos nosso cronograma, comemos alguma coisa e logo fomos procurar um lugar para dormir. Por sorte a rampa de troca de óleo estava desocupada e conseguimos nos ajeitar por ali mesmo. O combinado foi 40 minutos de sono.





19/10/2014:
Quarenta minutos depois acordamos e já estávamos sozinhos, somente o pessoal do apoio cuidava do nosso sono. Arrumamos as coisas e partimos em direção ao litoral de São José.




Depois de enfrentar os morrinhos da cidade, atravessamos a ponte e entramos na ilha. Seguimos rumo ao sul da ilha. Eu estava me sentindo bem melhor mas um vento lateral atrapalhava um pouco o nosso ritmo.


Chegamos no PC14 em Armação no Supermercado Hiperbom ás 4:05 hs (não vou considerar o horário de verão nessa data) com 930 km. Reencontramos a equipe que estava toda espalhada pelos cantos. Eu estava tão bem que até arrisquei umas poses. Falta pouco, mas o pouco que falta é muito.






Depois de dias a equipe saiu junta novamente, mas não durou muito, eles estavam em outro ritmo e eu e o Paulinho num ritmo mais moderado. O Rafles resolveu nos acompanhar visto que também estava sofrendo de assaduras e muitas dores nos tendões de aquiles.


Ainda era noite quando passamos pelo trechinho de calçamento da Lagoa da Conceição e logo em seguida subimos as duas morrebas.





Quando chegamos na praia dos Ingleses o dia clareou. Passamos novamente pela nossa equipe que estava descansando em um mercadinho.






Nós resolvemos parar um pouco mais adiante em uma padaria.


Quando saímos o pneu da bike do Rafles estava furado. Enquanto ele não saía da padaria eu e o Paulinho adiantamos a troca. Quanto estava tudo pronto começou a chover novamente. Paramos, colocamos capa de chuva e assim que saímos a chuva parou. Tinha mais um morro para subirmos antes do último PC esse era o que tinha maior inclinação, mas era o mais curto.


A descida foi cautelosa pois a pista estava molhada e ninguém queria mais um acidente a essas alturas do campeonato. Em Canasvieiras chegamos no último PC, Posto Canas Jurê. Carimbamos o passaporte e comemos para aguentar os últimos 20 km.




O trecho agora era simples, atravessar Jurerê e logo em seguida o bairro João Paulo. A ansiedade começou a tomar conta e a vontade de terminar ainda mais. Nossa que 20 km mais longos. Quando avistei as últimas passarelas uma emoção tomou conta de mim. Nem eu acreditava que depois de tudo que eu passei eu conseguiria terminar esse desafio. Atravessamos as passarelas com cuidado e seguimos rumo ao Della Bikes, onde tudo começou. Chegamos ás 9:25 hs com 1011 km rodados. O pessoal da equipe veio me abraçar e não contive as lágrimas. Um rápido filme de tudo o que enfrentei e do apoio que tive dos meus amigos me passou pela cabeça.






Dá licença Cabelo.
Mas depois foi só alegria, muita fotos, abraços e histórias que até hoje são lembradas e contadas.




Maneca, Rafles, Alaor, Paulinho, eu e Rodolfo
Talita, Cabelo, Hamilton e Rafaela





Muito obrigado Maneca, Claudinho, Marlene, Cassiano, Gilson Kassulke, Flávio, Fabiano, Pelinha, Jean, Cabelo, Talita, Hamilton, Rafaela, Alaor, Rodolfo, Rafles e Paulinho pelo apoio físico e moral. Obrigado também aos participantes, que não sei os nomes, mas se preocuparam e me ajudaram em algum momento desse desafio. Com certeza eu não conseguiria sem a ajuda de vocês. Quero agradecer a minha esposa, meu pai e minha mãe que sempre ficam preocupados quando faço essas coisas, mas eles torcem por mim e entendem que eu preciso disso.







Quero agradecer também nossos patrocinadores: Mel Sol, Andreatta Etiquetas, Bike Nort, Yes Focus, Usitech e Família Behnke. Agora tenho que procurar novos desafios, esse já foi superado.


Foto: TrilhasBR


Confira a minha pedalada no Garmin:

Confira a minha pedalada no Strava:


4 comentários:

  1. Jefo parabéns por mais uma conquista de um desafio completado.
    A vida é assim cheia de desafios com obstáculos altos e baixos.
    Mas cada um vai trilhando um caminho e escrevendo uma história.
    Você vai ter muitas histórias para contar para seus filhos e netos.
    Abraços
    Fabinho

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    1. Obrigado Fabiano. Sempre é bom contar com amigos como você. O apoio de vocês foi fundamental para me dar forças e concluir esse desafio. Abraço.

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  2. Parabéns é pouco. Nossa que relato emocionante. Mais uma vez parabéns, isso é realmente inspirador.

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    1. Obrigado Jed, espero estar ajudando de alguma forma. Tento passar dicas e todas as dificuldades que passei para quem quiser fazer um dia ter alguma base.

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