Segui pela rodovia do arroz e antes de chegar na BR-101 encontrei um casal de ciclistas que iriam até Guaratuba, bem, não sei se eram casados, porém eram um homem e uma mulher. Desejei-lhes boa viajem e segui pela BR-101 até Rio Bonito onde acessei a avenida Celso Ramos. Nesse momento o meu farol simplesmente apagou e a rua não tem iluminação pública. Eram 5:30 hs e ainda estava escuro. Continuei pedalando pela escuridão, desviando de poças e fugindo de alguns cachorros. Aos poucos o dia foi amanhecendo e revelando uma linda paisagem.
Cheguei em Garuva e passei pelas grandes fábricas da cidade. Aproveitei o asfalto para recuperar um pouco o tempo perdido.
Ás 6:35 hs já estava no centro da cidade e no semáforo encontrei o mesmo casal de ciclistas trocando um pneu furado. Agora parei para conversar um pouco, oferecer ajuda e reconheci eles. Também moram no Vila Nova e pedalei com eles naquele "divertido" pedal para Campos do Quiriri. Infelizmente não lembrei de registrar a foto.
Me despedi deles e segui rumo á região de Caovi pela estrada de chão.
A estrada estava boa para o rendimento da pedalada, bem plana e sem buracos. Nesse momento o sol resolveu dar a primeira espiada entre as nuvens.
O movimento de carros, caminhões e tratores é constante. Aqui predomina a plantação de arroz, banana e palmeiras.
Vários rios cortam a estrada, comecei a tirar fotos de alguns mas quando percebi que eram muitos e eu perderia muito tempo para registrar todos, resolvi fotografar alguns.
Aos poucos fui sendo cercado por montanhas e infelizmente meu guia de montanhismo não veio, então eu tinha que inventar alguns nomes que vinham na cabeça e depois conseguia ficar rindo disso sozinho.
Como havia falado, esse é um projeto antigo, eu já havia traçado essa rota e li alguns relados. Sabia que alguns ciclistas se perderam então eu estava de olho no mapa para isso não acontecer. Em uma curva da estrada dei uma olhada no mapa e percebi que havia saído da minha rota, pois a estrada lhe convida para fazer isso. Para atravessar o rio Cubatão do Paraná havia duas alternativas: pegar um acesso á esquerda ou atravessar uma ponte pênsil. O problema era que eu não achava a ponte e cheguei a duvidar que ela existisse. Um morador da região ia passando com sua bicicletinha e lhe perguntei onde ficava a tal ponte pênsil. Ele disse:
- É só passar do lado do galpão e seguir a trilha.
- Mas não é propriedade particular?
- Não sei, mas pode passar, todo mundo passa.
- Obrigado.
Passei ao lado de um galpão com máquinas e implementos agrícolas. Mais a frente passei ao lado de um bananal e começou uma trilha com muitas pedras formando um rock garden nervoso enquanto na parte de cima era preciso ter cuidado com a cabeça por causa do banana garden. Do lado direito estrebarias, chiqueiros e uma cerca de arame farpado limitavam o acesso ao pasto.
Percorri esse caminho por quase 400 metros até chegar na ponte e avistar o majestoso rio Cubatão.
A vista é incrível, a água correndo forte lá embaixo e no horizonte era possível avistar as montanhas. A ponte, com aproximadamente 100 metros, balançava bastante, os cabos de aço enferrujados e as tábuas soltas colocavam em dúvida a segurança de quem passasse por ali.
Depois de atravessar o rio a estrada mudou. Não era mais a mesma estrada larga e movimentada como antes. A estrada foi ficando estreita, já não avistava mais tantas casas e raramente passava um carro. Resolvi parar para fazer um lanche. Deitei a bicicleta no meio da estrada e sentei em uma pedra sob a sombra de uma árvore.
Aos poucos começaram a surgir alguns morros para eu subir e também algumas cobras no meio do caminho.
Cheguei em uma ponte feita de tubos, o rio era largo e raso. Confesso que deu vontade de ficar dentro desse rio alguns minutos pois apesar do céu nublado o clima estava abafado.
Em um trecho da estrada a água ainda estava sobre a pista, encarei essa pequena poça torcendo para não cair da bike. A água chegou a quase meia roda da bicicleta e fiquei com as duas sapatilhas ensopadas. Pelo menos refrescou os meus pés. Ao fundo comecei a avistar montanhas que iam ficando cada vez mais próximas, nesse momento imagino que talvez tenha um túnel para eu passar kkkk.
Começaram as subidas e novamente não tem túnel. Pelo menos não é uma subida sem pausas, fui subindo aos poucos, ás vezes a estrada ficava plana e subia mais um pouco. Outras vezes tinha que descer e depois subir tudo de novo.
Parada rápida para abastecer as garrafinhas com água fresca.
Cheguei no topo da serrinha com 408 metros de altitude. Fiz um lanche rápido e soltei os freios, só fiz uma paradinha para registrar esse pico entre nuvens.
A descida foi muito louca e também muito rápida. Assim que cheguei no asfalto achei essa árvore á beira da estrada com alguns banquinhos. Era o que eu precisava. Já eram 10:40 hs.
Pedalei mais alguns quilômetros e cheguei na BR-277. Por incrível que pareça o vento não estava contra e consegui recuperar um pouco do tempo perdido nas várias paradas que eu fiz.
Cheguei no município de Alexandra.
Depois da ponte o acostamento acaba e daí você tem que brigar por um espaço na pista com os carros.
Fiz mais uma parada em uma lanchonete e logo depois chegou outro ciclista. Ele estava indo para Guaratuba e combinamos de nos ajudar a enfrentar o vento contra que soprava agora.
Ele estava puxando em um ritmo bom, acima dos 32 km/h e eu já estava bem desgastado. Dei graças quando furou um pneu e falei que ele poderia seguir sozinho, pois ele já havia me avisado que estava atrasado. Fiz a troca bem tranquila, sem pressa.
Montei a roda e pedalei por uns 200 metros quando o pneu furou de novo. Agora eu xinguei muito. Tentei fazer uma troca mais rápida e segui meu caminho.
Passei por Matinhos e Caiobá. Já passava das 13:00 hs e o trânsito estava tranquilo.
A bordo da balsa avisei minha esposa que eu iria me atrasar, pois fiz uma previsão de estar em casa ás 14:00 hs.
Apesar do forte vento de Guaratuba eu conseguia manter o ritmo próximo dos 30 km/h. Parei em um posto e comprei mais duas garrafas de água e duas de Gatorade. Aqui não tem rios com águas cristalinas onde eu possa encher as garrafinhas de graça.
Entrei no acesso á Itapoá e agora o vento contra pegou pra valer. A média não passava dos 25 km/h.
Cheguei no litoral de Itapoá e tive que fazer a última parada para consumir a última garrafa de água e as duas últimas bananas secas para pedalar os últimos 12 km.
Curti mais um pouco o litoral.
Ás 15:50 hs eu já estava em casa. Foram 10:50 hs de uma pedalada de 193 km. Essa foi para começar bem o ano. Recomendo esse pedal da Estrada da Limeira a todos que curtem o mountain bike e a natureza. Até a próxima. Abraços.
Confira minha pedalada no Garmin:
Confira minha pedalada no Strava:
Eu tb recomendo esse roteiro pra todos que gostam de um bom desafio, pois tem tudo um pouco: asfalto, estradão, buracos, poeira, subidinhas e subidão mas o mais importante que é o contato direto com a natureza em todo trajeto.
ResponderExcluirEspero que na comemorativa possa ir com vc tb kkkk
Esse é um trajeto que merece uma segunda vez. Só marcar!
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