domingo, 17 de fevereiro de 2013

16/02/2013 - Estrada da Graciosa

Nesse sábado, eu, Maneca, Cabelo e Cassiba combinamos de fazer mais uma grande aventura. A proposta era ir pedalando até a estrada da Graciosa no estado do Paraná e voltar pelo litoral paranaense. Na quinta feira anterior à aventura recebemos um comunicado do Cassiba onde ele dizia que não iria participar, portanto ficaríamos apenas em três. Chegou o grande dia e combinamos de nos encontrar ás 4:30 hs no posto Rudnick. Quando eu estava saindo de Pirabeiraba já encontrei o Maneca passando pela BR-101 rumo ao posto. Ficamos lá esperando o Cabelo e após 10 minutos recebi uma ligação dele, dizendo que iria se atrasar mas logo estava chegando. Já estávamos impacientes quando após 1 hora de atraso o Cabelo apareceu, reclamando um monte sobre o pneu que havia furado entre outros problemas.
Saímos em direção a Garuva pela BR-101, o Cabelo queria recuperar o tempo perdido e disparou na frente, eu e o Maneca fomos um pouco mais devagar. Passamos por Garuva e no pedágio o Cabelo nos aguardava.
Chegamos no Paraná, agora o desafio é subir a Serra do Mar e enfrentar o tráfego de caminhões. Enquanto eu pedalava ia registrando a paisagem.

Desse ponto é possível ver as antenas no topo do Morro dos Perdidos.


Paramos na pequena cachoeira que tem na beira da estrada e tinha também uma imagem de uma santa, acho que é devido ao rio ali próximo se chamar rio da Santa, mas a imagem havia desaparecido. Enquanto o Maneca comia flor o Cabelo fazia o registro do desaparecimento da santa.


Te vejo na 666?
Terminamos de subir a serra e o Cabelo já estava com muita fome, paramos em uma lanchonete, que ainda estava fechada, ao lado do posto da polícia rodoviária e fizemos nosso lanche.
Continuamos no sobe e desce do planalto paranaense e chegamos na Represa Vossoroca para fazer mais algumas fotos.

Nessa estrada cercada por mata é preciso ter muito cuidado com algumas espécies de animais que podem estar na pista, entendam como quiserem rsssss.
Logo a paisagem foi mudando e percebemos o predomínio das Araucárias nessa região.
O pedal estava rendendo nesse sobe e desce mas ás 10:40 hs um furo no pneu do Cabelo nos obrigou a mais uma parada, já estávamos perto de São José dos Pinhais.
Enquanto o Cabelo colocava uma câmara nova eu fazia o remendo da câmara furada, em alguns minutos tudo já estava pronto para a gente continuar essa aventura.

Chegamos no trevo do contorno leste e seguimos pela rodovia que leva o mesmo nome.
Até aqui já foram 110 km. Litoral ai vamos nós.
Lógico que o nosso caminho seria mais longo, pois essa distância é para quem vai descer pela BR-277 e a gente tinha que pedalar mais 43 km até a entrada da estrada da Graciosa, só que a gente não sabia que era tudo isso. Continuamos a aventura sem desanimar, por sorte o tempo também estava cooperando com o céu nublado e poucas aberturas de sol, porém estava quente.

Em Piraquara passamos por um rio de nome estranho, qual seria o significado? Me concentrei na pedalada e chegamos em Quatro Barras onde a gente pegaria a rodovia Régis Bittencourt.

Encontramos muitos ciclistas pedalando nessa rodovia, a maioria de speed.
Já na rodovia Régis Bittencourt fizemos uma parada em uma lanchonete para fazermos nosso "almoço". Misto frio, alguns salgados e torrão de amendoim. E já deixei a nossa marca por lá junto com a de outras tribos.
Assim que saímos da lanchonete tivemos nosso primeiro sinal que estávamos no caminho certo.
Com 153 km chegamos no nosso objetivo principal.



Essa é uma estrada histórica, utilizada pelos tropeiros para chegar no litoral foi utilizada até metade do século XX como principal rota para escoar a produção de grãos e ervas para os portos de Antonina e Paranaguá. Hoje caminhões são proibidos nessa estrada. Recomeçamos nosso pedal. No início a estrada é asfaltada mas é estreita e sem acostamento e nesse dia havia muito movimento de veículos o que torna a pedalada mais cautelosa. Em breve vou postar um pequeno vídeo para dar uma noção melhor do que passamos.

Paramos em um ponto da estrada onde era possível avistar várias montanhas e ao fundo a baía Paranaguá.

A descida estava boa, mas logo pegamos o trecho de calçamento que exige um pouco mais de cuidado e a bike trepida muito.
É um lugar muito bonito e vale a pena trazer a família para passar o dia. Passamos por alguns quiosques e churrasqueiras que tem na beira da estrada. Em alguns lugares é possível tomar um banho de rio.

No final da descida caiu uma chuva forte mas que durou pouco tempo, chuva de verão, que foi o suficiente para nos deixar encharcados. Depois de 32 km de descida chegamos em Morretes. Uma cidade bem tranquila por sinal, com bastante pessoas caminhando e pedalando.


 Antes que a gente pudesse chegar na região central de Morretes mais um imprevisto. Um furo no meu pneu traseiro causado por um arame fez com que a gente fizesse mais uma parada.
Consertado o pneu passamos pelo centro histórico de Morretes sem muito tempo, apenas alguns registros rápidos.


Agora sim, precisamos chegar na BR-277 até Paranaguá. Chegamos na rodovia e não fizemos o retorno, seguimos reto, pois na minha cabeça e na do Maneca o litoral deveria estar na nossa esquerda, já o Cabelo defendia a ideia que teríamos que retornar. Pedalamos por uns 2 km e tiramos a dúvida perguntando para um morador da região. Realmente o litoral estava á nossa esquerda mas temos que retornar para chegar no litoral do Paraná para daí sim seguir em direção à Santa Catarina. O Cabelo estava certo, na direção que a gente estava indo iríamos chegar em Curitiba.
Fizemos o retorno, mas era contra o vento, já era possível avistar o céu negro e uma grande tempestade que a gente iria enfrentar. Essa foi a última foto que consegui registrar, acabou a bateria da câmera.
Pouco antes da chuva começar paramos em um serviço ao usuário da rodovia para pegar água. Esperava tomar uma água gelada e guando dei um golaço era água quente e estava com um gosto estranho. Eu já estava bem cansado mas aquela água parece que me prejudicou ainda mais. Logo chegou a tempestade deixando cair uma chuva grossa e vários raios. O Cabelo detectou mais um furo no pneu da bike dele e aproveitamos para trocar e fazer o remendo.
 
Foto: Deivi Ivan Schiochet

Foto: Deivi Ivan Schiochet

Foto: Deivi Ivan Schiochet
Parou de relampejar, mas a chuva continuava, coloquei o corta-vento e decidimos sair naquela chuva. O Maneca tinha receio de perder a balsa e ficar preso em Matinhos até o outro dia. A chuva não atrapalhou o desempenho do pedal, mas meu estômago estava dando sinais que alguma coisa não estava bem. Era preciso chegar em Matinhos cruzar a cidade e pegar a balsa, eram mais 39 km.
Foto: Deivi Ivan Schiochet
Chegamos em Matinhos e para chegar na balsa era necessário subir mais um morrinho, as pernas não aguentavam mais, por sorte entramos na balsa e ela logo saiu. Eu estava muito cansado, comprei um refrigerante e melhorei um pouco do estômago. Quando chegamos em Guaratuba já estava aparentemente recuperado. Mas logo tivemos que parar pois o pneu traseiro do Cabelo furou novamente. Trocamos a câmara, já era noite e os pernilongos nos atacaram enquanto a gente tentava ficar em movimento tentando despistá-los.
Foto: Deivi Ivan Schiochet

Foto: Deivi Ivan Schiochet

Foto: Deivi Ivan Schiochet

Foto: Deivi Ivan Schiochet

Foto: Deivi Ivan Schiochet
Voltamos para a estrada, pedalando forte, a vontade de chegar em casa era grande. Mas as dores voltaram,  meu estômago não estava bom e ainda por cima senti minha pressão baixar, fiquei com náuseas e minha cabeça e braços começaram a formigar. Diminui o ritmo, agora estava com medo, medo de me acidentar ou causar um acidente. Insisti, fui até o meu limite, mas não podia arriscar mais. O Maneca e o Cabelo me esperaram e dei a notícia pra eles: "Pra mim não dá mais, estou no limite". Pedi para que pedalassem comigo até o posto na entrada de Garuva e de lá ás 22:00 hs fiz uma ligação para o meu pai ir me buscar. Me despedi do Maneca e do Deivi, um pouco decepcionado por não ter conseguido completar o trajeto com eles, mas feliz por chegar em casa inteiro.
Foto: Deivi Ivan Schiochet
Esse negócio de se aventurar é assim, a gente tem que estar preparado e reconhecer nossos limites. Talvez eu tenha me precipitado em aceitar esse desafio, mas não me arrependo. Cada dia é um aprendizado e hoje aprendi mais uma lição. A distância pedalada que fiz até Garuva foi de quase 298 km em 18 horas de aventura. Quem quiser ler a mesma aventura em outras palavras e ver novas fotos é só acessarem: Natividade Aventuras Joinville e Diário de Ciclista. Abraço.

6 comentários:

  1. Jefo, pessoas como você são poucas, é preciso ter muita coragem para enfrentar o desconhecido e reconhecer que encontrou seu limite, é Divino! A vida é assim, hoje a gente esta bem, amanhã nem tanto e assim vivemos essa grande aventura que é viver um dia depois do outro... Grande abraço, Manéca. Obrigado por estar comigo nessa Trip Loka!

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    1. Pode ter certeza que vou me preparar mais e um dia desses vou puxar vocês. Muito obrigado pela companhia, paciência e compreensão na minha decisão. Aquele momento eu tinha que tomar uma decisão e acho que tomei a decisão certa. Outras aventuras virão e temos que estar preparados para isso não acontecer mais. Abraço.

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  2. Parabéns por mais essa loucura Jefo, pois é assim que somos reconhecidos por sermos loucos de fazermos nosso hobby de pedalar no bosque.. rssss. Indiferente se vc desistiu ou não vc topou o desafio e encarou da melhor forma possivel e como vc mesmo disse, o mais importante é chegar em casa inteiro e não foi por faltar 30 km que será desmerecido, pelo contrário está de parabéns, pois tem que estar muito bem psicologicamente para saber que chegou ao seu limite. Foi mais uma vez um prazer pedalarmos juntos.

    Abs e até a próxima aventura light.. rsss

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    1. Valeu Cabelo, muito obrigado pela companhia e pelo apoio. Claro que terão próximas vezes e quero estar preparado. Sempre é bom um pedalzinho light. Abraço.

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  3. Pretendo fazer este mesmo trajeto na próxima semana mas de moto hehe, grato por compartilhar esta excelente viagem ela me servirá de guia pois irei só.

    parabéns aos navegantes de bkes e amantes da natureza que nem eu.

    Augusto

    02/03/2013

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    1. O objetivo do blog é esse mesmo, compartilhar as aventuras e trajetos para ajudar outras pessoas que desejam fazer o mesmo, seja de bike, moto ou outro meio. Tenho certeza que você não vai se arrepender dessa viagem. Se depois quiser escrever aqui como foi a experiência fica a vontade, gostamos de conhecer novos aventureiros. Obrigado pela visita e boa viagem.

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