sábado, 30 de janeiro de 2016

30/01/2016 - Volta do Norte (ao contrário)

Esse pedal era para ter acontecido há muito tempo. Porém no início do ano passado o Fabiano se acidentou de moto e então fomos adiando esse evento até ele estar bem recuperado. Já fiz essa volta umas três vezes, porém sempre subindo pela serra Dona Francisca e descendo pela BR-280. Fazer essa volta ao contrário seria como rever as mesmas estradas e lugares por um ângulo diferente, além de sentir na prática a força da serra de Corupá. Seria também a primeira vez que eu subiria até o planalto de speed. Há algumas semanas o Fabiano já foi dando uns toques que essa volta ia rolar. Então no sábado ás 5:00 hs nos encontramos no Pórtico da Expoville para dar início a esse desafio. Pra variar cheguei um pouco atrasado e encontrei o Flavio, o Fabiano e o Jedson que também iria para São Bento do Sul mas passando pela região de Rio Natal.


Nos despedimos do Jedson e seguimos pela BR-101.

 
Acessamos a BR-280, o clima estava bom e tinha muita neblina nesse horário.


No primeiro trevo de Guaramirim paramos para o Flavio verificar as sapatilhas que não estavam funcionando corretamente. Nada que uma chave não resolva.



Passamos por Jaraguá do Sul enquanto amanhecia e logo em seguida pedalamos pelo trecho mais tenso do passeio, que é o trecho da BR-280 sem acostamento até Corupá. Por sorte os motoristas foram cautelosos e alguns ficaram atrás da gente até terem espaço seguro para nos ultrapassarem. Que bom, não é sempre que isso acontece.


O ritmo estava bom e ás 7:40 hs fizemos nossa primeira parada programada no Posto Grid antes de enfrentar a serra. Comemos, bebemos e descansamos um pouco.


Seguimos nosso pedal ansiosos para saber como era a subida dessa serra. O Fabiano não quis arriscar ir de speed, pois com a mountain bike ele teria mais opções de marchas.


O início da subida não é tão íngreme e passa a sensação de ser mais fácil que imaginamos, mas essa serra também tem seus truques.






Depois de alguns quilômetros de subida veio uma descida boa que parecia que ficaria assim até São Bento do Sul. Porém depois dessa placa o bicho pegou.


A subida era muito íngreme e achei que não daria conta de subir pedalando. Pensei na minha mountain bike nesse momento, mas para superar logo esse obstáculo levantei do selim e fiz força. Nesse momento o Flavio me ultrapassa muito rápido que até parece que estava com um motorzinho, mas logo o combustível dele acabou rsss.




Agora sim.

Paradinha rápida para o Fabiano se maquiar
Essa placa do "longo trecho em declive" é só para enganar bobo, na verdade a gente nem enjoa de descer e já tem que subir tudo de novo.


E assim foi até a entrada do bairro Serra Alta: sobe, desce, sobe, desce.



O acesso ao bairro é por uma subida, isso explica porque deram esse nome.


Enfrentamos muitas subidas dentro da cidade e um trânsito intenso de carros e pedestres. Depois de subir muito, encontramos uma descida e fomos parar na praça central em frente á igreja matriz ás 10:50 hs.


Essa era mais uma das paradas programadas e ali tem tudo que um viajante sobre duas rodas precisa: banheiro, água e sombra.


Fizemos nosso lanche na companhia de um cãozinho muito educado que ficava esperando uma migalha de pão com seu olhar de "gato de botas".


Depois de tudo pronto tiramos a foto em frente á igreja e combinamos de fazer mais uma parada rápida para saborearmos uma Coca-Cola bem gelada.


Tá contente agora?
Agora o sol estava de rachar o lombo e enfrentamos um vento contra para sair de São Bento do Sul e chegar na SC-418.



O sobe e desce continuou com um vento forte muito estranho: ás vezes lateral, ás vezes á favor, ás vezes contra . Pelo menos aqui tem acostamento em boa parte do trajeto.



Fizemos uma parada para foto ao passar por Campo Alegre pois não resistimos à essas lindas flores kkk.




O sol continuava fritando nossos pensamentos, assim como o vento tentava fazer a gente perder o equilíbrio. Depois de Campo Alegre tem alguns trechos sem acostamento mas aqui no quintal de casa a gente tira de letra.


Agora vai começar a diversão.
Ás 13:35 hs fizemos a última parada programada no mirante da serra Dona Francisca. O problema é que aqui não tinha nenhuma sombra mas o vento fazia a gente se enganar com o calor.


Cada um fez um lanche rápido e enchemos as caramanholas de água da bica.




Agora para descer a serra o vento estava contra e um bafo forte subia do asfalto fazendo a sensação térmica subir. Chegamos na BR-101 e agora era só chegar até na Expoville.


Todo mundo estava bem desgastado e assim que chegamos o Flavio já se esticou no chão para aliviar as dores nas costas. Já eram 14:40 hs e tudo ocorreu bem com pequenos imprevistos e sem pneus furados.




Muito obrigado ao Fabiano pelo convite e ao Flavio pela parceria, espero muitas aventuras para esse ano. Até a próxima, abraços.

Confira minha pedalada no Garmin:

Confira minha pedalada no Strava:

domingo, 24 de janeiro de 2016

23 e 24/01/2016 - Copa Sul Master de Ciclismo

Nesse final de semana resolvi participar de uma prova diferente para mim. Há cinco anos venho pedalando e participando de algumas competições na modalidade mountain bike, sem muita pretensão é claro. No ano passado consegui adquirir minha bicicleta speed e desde então venho treinando com ela também, sem deixar o MTB de lado. Conheci pessoas novas nessa modalidade e um jeito novo de guiar uma bicicleta. Treinei pouco, mas gostei do estilo diferente de competir onde mesmo atletas de equipes rivais se ajudam durante a prova. Nos treinos que vou, participam atletas da elite do ciclismo estadual e nacional. Portanto eu sabia que ir numa prova dessas era apenas para observar bastante, adquirir experiência e pedalar que é o que gosto de fazer. Então me inscrevi para a copa sul master que é válida pelo ranking estadual e nacional. No sábado seriam as etapa de circuito em São Bento do Sul e contra relógio em Campo Alegre. No domingo aconteceria a etapa de resistência em Rio Negrinho. Aproveitei para levar a esposa como apoio e também para dar uma volta e agradar um pouquinho rsss. No sábado saímos cedo de Joinville e chegamos antes das 9:00 hs em São Bento do Sul para a primeira etapa. O céu estava azul mas na serra ainda tinha um friozinho que fazia algumas pessoas usarem agasalho. Ajeitei a bike e me arrumei com calma enquanto observava a largada da outra categoria.





Terminada a primeira categoria era a minha hora. O pessoal ocupou a pista e aquecemos. Eu estava trêmulo, com aquele característico friozinho na barriga.



Logo a organização chamou para alinhar e a expectativa aumentava.




Nem começou e já estou bebendo água.
Fiquei lá atrás do pelotão para não atrapalhar ninguém, afinal eu era apenas coadjuvante. Dada a largada o pelotão saiu e eu fui atrás.



Logo de cara tinha uma subidinha que ajudou a queimar rápido os músculos das pernas. Cada volta tinha 5 km, no total de 10 voltas. Haviam subidas e descidas em ambas as pistas que somados aos dois retornos em "U" tornavam a prova bem técnica. Os ataques eram constantes e logo o pelotão acelerava para neutralizar, o ritmo caía um pouco, o que era um alívio pra mim, mas em seguida outro ataque e assim seguiu durante todo o trajeto.


Na segunda volta já tinha gente sobrando e eu persisti tentando não sair do pelotão. Na terceira volta ataquei antes do retorno apenas para ficar na ponta um pouquinho, ouvi o pessoal dizendo "tá sozinho, tá sozinho". Depois do retorno tinha mais uma subida, não consegui retomar a velocidade a tempo para a descida e sobrei.

Foto: Cabeça

Fiz umas duas voltas sozinho até encostar em outro atleta e fomos revezando.

Foto: Cabeça

Foto: Cabeça
Seguimos num ritmo bom, ele estava enfrentando as subidas melhor e eu puxava na reta oposta. Na última volta não briguei por posição, esperei ele me passar, mas ele também não fez questão e chegamos praticamente juntos depois de 8 minutos do primeiro colocado.

Foto: Cabeça
Depois foi hora de acompanhar o pódio, comer umas frutas e hidratar. Já fui arrumando as coisas e saímos para procurar um lugar para almoçar pois já eram 12:30 hs e a próxima etapa começa ás 15:00 hs em Campo Alegre.



O sol começou a castigar e ás 15:00 hs eu já estava em Campo Alegre me arrumando para o contra relógio. Soprava um ventinho serrano á favor do nosso destino. Aqui não tem muita técnica, é foco, força e ter um equipamento bom também ajuda. Olhando os profissionais se aquecerem me senti fora da casinha. Eles com as bikes próprias para a ocasião, avaliadas na faixa dos R$ 30 mil e com suas roupas aerodinâmicas e capacetes espaciais faziam qualquer amador murchar antes da largada. Mas fui lá fazer o que foi proposto. Chamaram meu nome e alinhei aguardando a contagem regressiva.





Quando ouvi o "já", saí descendo marcha e quando percebi já estava na última, no início da rodovia tinha uma leve descida que antecipava uma subida mais longa. Meu coração não baixava dos 160 bpm e nas descidas cheguei próximo dos 70 km/h. Foi um sprint de 11 km que completei em pouco mais de 18 minutos, enquanto os primeiros colocados da minha categoria ficaram na faixa dos 14 minutos. Esperei lá um pouco até todos passarem e fiquei na 11° posição no contra relógio. Depois tive que voltar pedalando pois a minha motorista ainda tem medo de dirigir. Voltamos para o hotel e o que eu mais queria era tomar um banho, jantar e dormir pois o dia seguinte seria puxado.

Acordei no domingo depois de uma noite péssima de sono, eu estava muito agitado, ansioso e com muitas dores nas pernas. Tomamos o café da manhã e seguimos até Rio Negrinho para a etapa de resistência em estrada.


Assim que cheguei encontrei o meu amigo Ricardo (vulgo Cabeça), que conheço desde o tempo que eu trabalhava com produtos promocionais, isso faz uns 15 anos pelo menos. E agora nos reencontramos no mundo do ciclismo.


Fui assinar a súmula e comecei o aquecimento.


Eu estava mais tranquilo para essa etapa, afinal tenho um pouco mais de experiência em longas distâncias. O problema é que nunca fiz isso numa competição e depois de duas provas puxadas. Coloquei algumas barrinhas de cereal nos bolsos e enchi as duas garrafinhas com água e suplemento.


Encontrei o Lourival, atleta que fiz parceria na prova de circuito, e ficamos conversando um pouco sobre a expectativa dos 104 km que nos aguardavam (duas voltas de 52 km).





 
Chega de conversa porque agora o bicho vai pegar. Largamos e para variar tinha uma subida no começo. A minha luta era para ficar no pelotão o maior tempo possível. Começaram os ataques e o pelotão acelerava para buscar a fuga. Logo depois o ritmo caía um pouco, mas não dava tempo para respirar e mais um ataque, e assim foi acontecendo, um ataque após o outro enquanto enfrentávamos o sobe e desce da estrada. Não demorou para alguns começarem a ficar para trás, eu ainda resisti no pelotão até o 15° km, depois pedalei sozinho um bom trecho, fiz o retorno e encontrei o Lourival. Seguimos revezando novamente e conversando. Cogitamos em parar na primeira volta pois estávamos cansados e eu já estava sem água. Ele também achou o trecho com muitas subidas e talvez não resistiríamos a mais uma volta.


Quando fizemos o retorno, decidimos arriscar fazer a última volta no nosso ritmo. Infelizmente meu apoio não se tocou em trocar minhas garrafinhas e segui para os 52 km finais sem água mesmo.


Encostamos em mais um atleta e seguimos em três. Comecei a sentir fome e fraqueza, comi minhas barrinhas de cereais mas não foram suficientes. O Lourival me deu um CarbUp e meu organismo reagiu rápido ao incentivo. Agora um atleta encostou na gente e após o último retorno seguimos em um pelote com quatro ciclistas. Eles começaram a acelerar o ritmo e eu fiquei para trás. Fiquei fraco e debilitado. O carro da organização encostou e me deu água. Persisti muito, mas errei desde o começo. Subestimei a prova achando que seria fácil, pelo menos para completar. Mas as duas provas do dia anterior, o ritmo alucinante dessa prova e o despreparo quanto á alimentação e hidratação fizeram minhas forças se esgotarem. Eu até conseguiria terminar, mas é aquele negócio: senti que não valeria a pena. Então parei e coloquei minha bike no carro faltando 10 km para terminar a prova. Fiz a coisa certa no momento certo, sem heroísmo e não me arrependo dessa decisão. Me arrependo de não ter dado a devida atenção e ter me preparado para a prova. Mas é isso, aprendi mais uma lição e foi para isso que vim participar dessa competição, para aprender.


Assim foi mais um final de semana de pedaladas, amizades e aprendizados. Para a próxima vou estar mais preparado com certeza, mas o importante é pedalar. Muito obrigado a minha esposa que topou participar comigo dessas provas e me ajudou muito, ao Lourival pelas parcerias, ao Cabeça pelas fotos e momentos de descontração, parabéns a Federação Catarinense de Ciclismo pela organização e pelo apoio e agradeço a todos que eu conversei e trocamos algumas ideias durante a competição. Abraços e até a próxima.

Confira minhas pedaladas no Garmin:

  

Confira minhas pedaladas no Strava: